TEMPO
tempo histórico: século XIX
tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
tempo da representação: 1h30m/2h tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
PERSONAGENS:
GOMES FREIRE: protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade
D. MIGUEL FORJAZ: primo de Gomes Freire, assustado com as transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista. prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros);
PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, é deformado pelo fanatismo religioso; desonesto, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses
BERESFORD: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico
VICENTE: sarcástico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa material, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado; traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
MANUEL: denuncia a opressão a que o povo está sujeito. É o mais consciente dos populares; é corajoso.
MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, sincera, ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
SOUSA FALCÃO: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA perseguem, prendem e mandam executar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execução à noite, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para MATILDE era uma luz a seguir na luta pela liberdade.
LINGUAGEM E ESTILO
Linguagem
- natural, viva e maleável, utilizada como marca caracterizadora e individualizadora de algumas das personagens
- uso de frases em latim com conotação irónica, por aparecerem no momento da condenação e da execução
- frases incompletas por hesitação ou interrupção
- marcas características do discurso oral
- recurso frequente à ironia e sarcasmo
Cátia Medeiros
terça-feira, 27 de maio de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Episódio da Ilha dos Amores
O episódio da Ilha dos Amores localiza-se no final do canto IX e dá-se durante a viagem de regresso da armada portuguesa responsável pela pioneira jornada que ligou Portugal à Índia por mar. Dirigiam-se para a pátria os navegadores lusitanos autores de tão grandioso feito quando avistaram a Ilha Namorada deslocando-se ao seu encontro. A localização geográfica da Ilha não é mencionada porque não é revelante, o que importa é que ali foi conduzida por Vénus para se cruzar com a armada portuguesa.
Assim, os portugueses depararam-se com uma ilha paradisiaca de paisagens exuberantes que lhes porprociona o merecido descanso e oferece prazeres raramente dirigidos aos mortais. Neste território, podem os homens satisfazer todos os sentidos, quer através dos inumeros manjares disponiveis, quer atravé da companhia de belas deusas. Mas nada disto é real, a Ilha não é mais do uma metáfora usada para materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos e os prazeres nelas presentes uma representação dos prémios por em tanto dilatarem, em fama e glória, a pátria. O contacto com as Ninfas representa o prémio máximo pois, ao aproximar os navegadores destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais.
Deste modo, podemos concluir que é possivel aos humanos atingir a imortalidade mas, para tal de nada valem a cobiça e a ambição, há que ser autor de obras verdadeiramente valerosas.
Mónica Medeiros
Assim, os portugueses depararam-se com uma ilha paradisiaca de paisagens exuberantes que lhes porprociona o merecido descanso e oferece prazeres raramente dirigidos aos mortais. Neste território, podem os homens satisfazer todos os sentidos, quer através dos inumeros manjares disponiveis, quer atravé da companhia de belas deusas. Mas nada disto é real, a Ilha não é mais do uma metáfora usada para materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos e os prazeres nelas presentes uma representação dos prémios por em tanto dilatarem, em fama e glória, a pátria. O contacto com as Ninfas representa o prémio máximo pois, ao aproximar os navegadores destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais.
Deste modo, podemos concluir que é possivel aos humanos atingir a imortalidade mas, para tal de nada valem a cobiça e a ambição, há que ser autor de obras verdadeiramente valerosas.
Mónica Medeiros
Estrutura da Obra "Os Lusíadas"
Divisão em partes:
1. Proposição
2. Invocação
3. Dedicatória
4. Narração
A narração inclui:
Intervenções do maravilhoso
Episódios (narrativas menores)
Narrações retrospectivas, retrocesso no tempo em relação à acção central, isto é, 1498, ano em que se efectuou a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia:
1. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a história de Portugal desde a sua fundação lendária - cantos III e IV
2. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a viagem de Lisboa a Moçambique, já que no canto I a narração começa in medias res - canto V
3. Profecias, avanços no tempo em relação à acção central:
Profecia de Júpiter a Vénus - canto II;
Profecia dos rios Indo e Ganges a D. Manuel - canto IV;
Profecias do Gigante Adamastor a Vasco da Gama - canto V;
Profecias de Tétis a Vasco da Gama durante o banquete - canto X;
Profecias de Tétis no monte, frente à bola de cristal - canto X,
Planos narrativos
1. Plano da viagem
2. Plano dos Deuses
3. Plano da História de Portugal
4. Plano do Poeta
Mónica Medeiros
1. Proposição
2. Invocação
3. Dedicatória
4. Narração
A narração inclui:
Intervenções do maravilhoso
Episódios (narrativas menores)
Narrações retrospectivas, retrocesso no tempo em relação à acção central, isto é, 1498, ano em que se efectuou a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia:
1. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a história de Portugal desde a sua fundação lendária - cantos III e IV
2. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a viagem de Lisboa a Moçambique, já que no canto I a narração começa in medias res - canto V
3. Profecias, avanços no tempo em relação à acção central:
Profecia de Júpiter a Vénus - canto II;
Profecia dos rios Indo e Ganges a D. Manuel - canto IV;
Profecias do Gigante Adamastor a Vasco da Gama - canto V;
Profecias de Tétis a Vasco da Gama durante o banquete - canto X;
Profecias de Tétis no monte, frente à bola de cristal - canto X,
Planos narrativos
1. Plano da viagem
2. Plano dos Deuses
3. Plano da História de Portugal
4. Plano do Poeta
Mónica Medeiros
“Mensagem” vs. “Os Lusíadas”
Semelhanças:
Concepção mística e missionária/missionante da história portuguesa, preocupação arquitectónica: ambas obedecem a um plano cuidadosamente elaborado, o reverso da vitória são as lágrimas.
Diferenças:
۰ Os Lusíadas foram compostos no início do processo de dissolução do império e Mensagem publicada na fase terminal de dissolução do império;
۰ Os Lusíadas têm um carácter predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem um carácter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral;
۰ no primeiro o Adamastor é sinónimo de lágrimas e mortes, sofrimento e audácia que as navegações exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores vencidos pela ousadia;
۰ nos Lusíadas o tema é o real, o histórico, o factual (os acontecimentos, os lugares), em Mensagem o tema é a essência de Portugal e a necessidade de cumprir uma missão;
۰ para Camões os deuses olímpicos regem os acidentes e as peripécias do real quotidiano, para Pessoa os deuses são superados pelo destino, que é força abstracta e inexorável;
۰ nos Lusíadas os heróis são pessoas com limitações próprias da condição humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela intervenção divina cristã ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heróis são mitificados e encarnam valores simbólicos, assumindo proporções gigantescas;
۰ Lusíadas: narrativa comentada da história de Portugal, Mensagem: metafísica do ser português; Lusíadas: heróis e mitos que narram as grandezas passadas. Mensagem: heróis e mitos que exaltam as façanhas do passado em função de um desesperado apelo para grandezas futuras;
A comparação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem" impõe-se pelo próprio facto de esta ser, a alguns séculos de distância e num tempo de decadência - o novo mito de pátria portuguesa.
Mónica Medeiros
Concepção mística e missionária/missionante da história portuguesa, preocupação arquitectónica: ambas obedecem a um plano cuidadosamente elaborado, o reverso da vitória são as lágrimas.
Diferenças:
۰ Os Lusíadas foram compostos no início do processo de dissolução do império e Mensagem publicada na fase terminal de dissolução do império;
۰ Os Lusíadas têm um carácter predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem um carácter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral;
۰ no primeiro o Adamastor é sinónimo de lágrimas e mortes, sofrimento e audácia que as navegações exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores vencidos pela ousadia;
۰ nos Lusíadas o tema é o real, o histórico, o factual (os acontecimentos, os lugares), em Mensagem o tema é a essência de Portugal e a necessidade de cumprir uma missão;
۰ para Camões os deuses olímpicos regem os acidentes e as peripécias do real quotidiano, para Pessoa os deuses são superados pelo destino, que é força abstracta e inexorável;
۰ nos Lusíadas os heróis são pessoas com limitações próprias da condição humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela intervenção divina cristã ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heróis são mitificados e encarnam valores simbólicos, assumindo proporções gigantescas;
۰ Lusíadas: narrativa comentada da história de Portugal, Mensagem: metafísica do ser português; Lusíadas: heróis e mitos que narram as grandezas passadas. Mensagem: heróis e mitos que exaltam as façanhas do passado em função de um desesperado apelo para grandezas futuras;
A comparação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem" impõe-se pelo próprio facto de esta ser, a alguns séculos de distância e num tempo de decadência - o novo mito de pátria portuguesa.
Mónica Medeiros
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