quinta-feira, 5 de junho de 2008

“FELIZMENTE HÁ LUAR!”, LUÍS DE STTAU MONTEIRO

 CLASSIFICAÇÃO LITERÁRIA DA OBRA
Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico. Mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
 TEMPO
a) tempo histórico: século XIX
b) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
c) tempo da representação: 1h30m/2h
d) tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
e) tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
 ESPAÇO
a) espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
b) espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
 O TÍTULO (surge duas vezes ao longo da peça inserido nas falas das personagens)
1) página 131 – D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo
2) página 140 – Matilde: na altura da execução são proferidas palavras de coragem e estímulo, para que o povo se revolte contra a tirania
Num primeiro momento, o título representa as trevas e o obscurantismo; num segundo momento, representa a caminhada da sociedade em busca da liberdade.
 ELEMENTOS SIMBÓLICOS
a) saia: esperança (cor verde) de que um dia se reponha a justiça, estando associada ao significado simbólico da lua
b) lua: porque não tem luz própria, representa a dependência; por outro lado, porque tem fases, simboliza a renovação e transformação
c) luz: vida, felicidade, representa a esperança num momento trágico
d) noite: símbolo do obscurantismo
 LINGUAGEM E ESTILO
• Recursos estilísticos: enorme variedade (tomar espacial atenção à ironia)
• Funções da linguagem: apelativa (frase imperativa); informativa (frase declarativa); emotiva [frase exclamativa, reticências, anacoluto (frases interrompidas)]; metalinguística
• Marcas da linguagem e estilo: provérbios, expressões populares, frases sentenciosas
 CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS
• Manuel: o mais consciente dos populares; é corajoso.
• Vicente: traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
• D. Miguel: prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros); deixou-se corromper pelo poder.
• Principal Sousa: defende o obscurantismo; deformado pelo fanatismo religioso; desonesto.
• Beresford: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos 2 governadores portugueses.
• Sousa Falcão: representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
• Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
• Matilde: representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social);por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
• Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
• Gomes Freire: defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade.
 TEXTO PRINCIPAL: As falas das personagens
 TEXTO SECUNDÁRIO: as didascálias/indicações cénicas (têm um papel crucial na peça)

Mónica Medeiros

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