sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Romantismo

• Introdução
O Romantismo foi um movimento cultural que surgiu na Europa e nos Estados Unidos da América a partir da segunda metade do século XVIII. O seu nome deriva de "romance" (história de aventuras medievais), que tiveram uma grande divulgação no final de setecentos, respondendo ao crescente interesse pelo passado gótico e à nostalgia da Idade Média. Muito variada nas suas manifestações, esta corrente sustentava-se filosoficamente em três pilares: o individualismo, o subjectivismo e a intensidade.
Contra a ordem e a rigidez intelectual clássica, os artistas românticos imprimiram maior importância à imaginação, à originalidade e à expressão individual, através das quais poderiam alcançar o sublime e o genial.

• Arquitectura
O Romantismo, ligado à recuperação de formas artísticas medievais, acompanhada pelo gosto pelo exótico contido nas culturas orientais, favoreceu a revivência e a mistura de vários estilos, como o românico, o gótico, o bizantino, o chinês ou o árabe. Foi na Inglaterra que se verificaram as primeiras manifestações da arquitectura romântica.
Paralelamente ao revivalismo estilístico, a arquitectura do século XIX apresentou um outro vasto campo de desenvolvimento, proporcionado pelos novos materiais de construção surgidos com a industrialização, como o ferro e o vidro. Embora a Inglaterra tenha sido pioneira na utilização do ferro para a construção de estruturas arquitectónicas, foi em França que esta tecnologia encontrou uma mais significativa expressão estética.•

• Artes Plásticas e Decorativa
Contrariamente à arquitectura, que conheceu o seu apogeu em Inglaterra, a pintura romântica encontrou um meio intelectual e criativo mais favorável no continente europeu, principalmente em Espanha, França e na Alemanha.
Francisco Goya (1746-1828), pintor espanhol contemporâneo de David, foi grandemente influenciado por Mengs e por Tiepolo mas também por autores do período barroco como Velázquez e Rembrandt. As suas obras mais famosas, como o quadro Três de Maio de 1808, foram realizadas entre 1810 e 1815, os anos da ocupação francesa, e caracterizam-se pelo sentido trágico dos temas, pelo colorido agresssivo e uma luminosidade dramática.
O francês Eugéne Delacroix (1798-1863), marcado pela cultura romântica inglesa, pinta grandes quadros épicos como a Liberdade Guiando o Povo (1830-1831) e cenas orientalizantes, como Os massacres de Scio, para os quais a viagem que realiza a Marrocos fornece informações preciosas.
Na Alemanha, a pintura romântica atinge o seu apogeu com as representações visionárias e espiritualizadas da natureza, realizadas pelos alemães Caspar David Friedrich (1774-1840) e Philipp Otto Runge (1774-1840).
Em Portugal, salientaram-se os pintores Tomás da Anunciação (1818-1879), o paisagista Cristino da Silva (1829-1877) e Francisco Augusto Metrass (1825-1861), estudante em Roma com o grupo dos Nazarenos e autor de quadros historicistas e naturalistas, de entre os quais se destaca a pintura "Só Deus".
A escultura romântica, desenvolvida em paralelo com a escultura neoclássica, não conheceu qualidade estética nem projecção idênticas à da pintura da mesma época. Protagonizada pelo francês Antoine Louis Barye (1796-1875), que transporta para a estatuária o espírito romântico do pintor Delacroix, de quem era amigo, realiza peças baseadas no estudo naturalístico e fortemente expressivo de animais selvagens, como por exemplo, a escultura O Jaguar devorando uma lebre.
No contexto português destacam-se os trabalhos de Soares dos Reis (1847-1889), como a estátua "Desterrado" e de Simões de Almeida (1844-1926), autor do grupo escultórico Génio da Liberdade, incluído no monumento do Marquês de Pombal em Lisboa.
Desaparecendo durante a segunda metade do século XIX, o romantismo inspirou alguns movimentos artísticos, como o Simbolismo e o Expressionismo

• Literatura

O Romantismo entra na Literatura portuguesa com a publicação do poema D. Branca (1826) de Almeida Garrett. O ambiente político (lutas entre liberais e absolutistas), o exílio deste, o seu temperamento, a época em que viveu, transforma o árcade que durante muito tempo se afirmou em Catão, na Lírica de João Mínimo, no Retrato de Vénus, quanto ao seu conteúdo, e nos poemas Camões e D. Branca, na linguagem, no grande romântico das Folhas Caídas e no grande pioneiro de uma linguagem coloquial, moderna, de Viagens na Minha Terra. Será, contudo, Alexandre Herculano o grande intérprete do Romantismo com a poesia de cor histórica marcadamente actual da Harpa do Crente e com o romance histórico (O Bobo, O Monge de Cister) decorrente na Idade Média, que constituirá o zénite do movimento literário. Porque mais tradicionalista, a Inglaterra está na sua origem; depois, irrompe na Alemanha com a peça dramática Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), um grito de revolta contra o imperialismo napoleónico e uma afirmação de nacionalismo e, como tal, o medievalismo, o regresso ao passado, o subjectivismo e, na sua sequência, o sentimentalismo. O subjectivismo dos filósofos alemães Kant, Fichte, Schelling e Schlegel conduz a um novo antropocentrismo. Por outro lado, o sentimentalismo afirma-se com o domínio do coração nos românticos sobre o da razão nos clássicos. Da Inglaterra vem-lhe o gosto de uma paisagem solitária, luarenta, saudosa, com as ruínas musgosas e evocadoras. As Estações de Thompson (1726-30) abrem caminho para a descrição da natureza saudosista, solitária, povoada de ruínas e cemitérios. Do desencontro entre as formas espartilhadas do Classicismo e a ânsia de evasão dos românticos afirma-se o sentido da liberdade na Arte e, daí, o individualismo com Victor Hugo, «escuta-te a ti próprio». O artista deixa de ser o imitador; pondo a sua imaginação a trabalhar, cria uma sub-realidade e transmite o seu sentir e pensar. De imitador passa a criador. Albert Thibaudet considera o Romantismo como «a grande revolução literária moderna». Embora a França só a partir de 1830 se abrisse definitivamente ao Romantismo, não há dúvida de que Rousseau pode considerar-se o seu primeiro ensaio na escola. Depois temos Chateaubriand com Atala e o Génio do Cristianismo, Lamartine, Musset, Victor Hugo, que escreve o prefácio do drama Cromwell a proclamar a liberdade na arte, em guerra aberta com as normas do Classicismo. Na Alemanha, Herder, Goethe, Hegel, Schiller e Schlegel são os padrões mais sugestivos. Mas já os irmãos Grimm tinham explorado a cultura popular: Wieland, no seu Oberon, põe o maravilhoso popular no lugar da mitologia e Klopstock, em Messíada, também a rejeita.
A liberdade na arte determina a criação de novas formas – o drama, o poema narrativo (Camões), o romance histórico; na poesia aparecem variadíssimas estruturas estróficas que acompanham o pensamento com maleabilidade; a linguagem, com mais poder de transmissão, enriquece com uma simbologia nova e com um vocabulário mais sugestivo e mais actual; afirma-se o gosto pelo exotismo. Ao equilíbrio do Classicismo opõe-se, agora, a ansiedade da descoberta metafísica, quer se perca no domínio horizontal das afeições humanas (Garrett), quer se dirija verticalmente na busca de Deus (Herculano, Soares de Passos, Antero de Quental). Ao Romantismo interessam os temas grandiosos. Mas, por vezes, essa ânsia de infinito debate-se dolorosamente, dramaticamente, com as suas limitações humanas, o que dá lugar ao desânimo. A mesma ânsia de liberdade artística projecta-se na busca ansiosa de um mundo melhor, um mundo onde os homens sintam o domínio da justiça e se encontrem como irmãos. Todas as circunstâncias que propiciaram a nova corrente arrastaram consigo um acentuado pendor para a insegurança, para a inquietação, para o desajustamento que os mergulha, ora num estado de melancolia. De fundo de cenário que era, no Classicismo, a natureza, nos românticos, participa, determina estados de alma.
Cátia Medeiros
Memorial do Convento

Romance de José Saramago publicado em 1982. A acção de Memorial do Convento desenvolve-se no reinado de D. João IV, incidindo designadamente sobre o período de construção do Convento de Mafra, como indicia o título. O período em questão surge caracterizado através de personagens históricas propriamente ditas, como sejam aquelas da família real, mas também através de atmosferas marcadas por fenómenos populares do tempo, como os famosos autos-de-fé (em que uma das personagens principais virá a morrer com António José da Silva), as procissões e as touradas. A partir destas coordenadas se configura, por um lado, o mundo artificial e ostentatório da realeza, por outro, um ambiente estratificado de ignorância e superstição evidentes no Portugal da primeira metade do século XVIII, sob a égide do Santo Ofício. A contaminação desta narrativa pela noção de que a História e mesmo a Literatura fabricam o romance da humanidade a partir do ponto de vista dos seus senhores é evidente em todo o enunciado, nomeadamente a partir da definição das suas personagens principais. É com figuras nobres que Memorial do Convento começa. No entanto, contrariando as expectativas dos leitores, o narrador parece encarar com alguma ironia a sua (ausência de) densidade psicológica, facto que é tanto mais chocante quanto se trata do rei e da rainha. Surpreendentemente, é no meio da multidão, tradicionalmente anónima, que sobressaem, ambos elementos do povo, Blimunda Sete-Luas, a mulher que vê o interior das pessoas se estiver em jejum e Baltasar Sete-Sóis, aquele que perdeu uma mão na guerra, e Bartolomeu de Gusmão, o padre «voador», nos quais assentará a espinha dorsal da acção.
Esta joga-se, por um lado, na edificação do referido Convento («por um voto que o rei fez se lhe nascesse um filho») e as vidas e fundos que compromete, e, por outro, na construção paralela da Passarola pelas supra-citadas personagens principais, espécie de Santíssima Trindade profana.
Enquanto o Convento representa o sacrifício caprichoso da colectividade humana vergada a uma vontade individual e, por conseguinte, a decepção da aventura colectiva humana tal como a História não a conta, a Passarola, construída por Baltasar a partir dos planos de Bartolomeu de Gusmão, e voando graças às vontades humanas contidas nas suas esferas que Blimunda captara nos corpos das pessoas, simboliza de algum modo a condição angélica do Homem, ou, mais do que isso, a revelação da condição humana (nas suas entranhas, nos seus fluidos, nos seus cheiros, nas suas rugas, etc.) como condição divina: «Deus estava fora do homem e não podia estar nele, depois, pelo sacramento passou a estar nele, assim o homem é quase Deus, ou será afinal o próprio Deus, sim, sim, se em mim está Deus, eu sou Deus, sou-o de modo não trino ou quádruplo, mas uno, uno com Deus». É esta revelação «sacrílega» que enlouquece Bartolomeu, levando-o a tentar queimar a Passarola depois de, temendo o Santo Ofício, ter nela fugido, com Baltasar e Blimunda. Depois da aventura da Passarola, Baltasar trabalhará ainda no Convento, esse monumento cuja massa monstruosamente inumana vai ascendendo, apesar de tudo, como a Passarola, e revelando a história profana do Homem como uma história de redenção. Deste modo, José Saramago re-escreve as convenções históricas, religiosas e literárias da nossa cultura, mostrando, como salienta Eduardo Lourenço, que, à semelhança da Passarola, «o fim de toda a ficção é voar, elevar-se sobrevoando, não céus inexistentes nem realidades mágicas, mas descolar da sua própria realidade humana, pesada, obscura, opaca, para ver melhor ou de outra maneira (...)». Em finais dos anos noventa, esta obra foi adaptada ao teatro por Manuel Real e Filomena Oliveira.

Cátia Medeiros nº7

Impressionismo




Mónica Medeiros

Alberto Caeiro

É talvez o último dia da minha vida!!

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Poemas Inconjuntos
Alberto Caeiro


*Catarina Vasconcelos

O Impressionismo

Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na pintura européia do século XIX. O nome do movimento é derivado da obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet.

Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as nuances da natureza.




Mónica Medeiros

Realismo na Literatura

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.

Uma característica comum ao Romantismo é o seu forte poder de crítica, porém sem subjetividade. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Por exemplo, se um autor deseja criticar a postura da Igreja católica, não escreverá um soneto anti-cristão como no Romantismo, porém escreverá histórias que envolvam a Igreja Católica de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as pessoas reagem a ela. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituida pela visão que procura ser objetiva, fiel, sem distorções. Em lugar de fugir à realidade, os realistas procuram apontar falhas como forma de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.


Mónica Medeiros

Álvaro de Campos



Carta Astral de Álvaro de Campos

Catarina Vasconcelos

Pessoa e o Ocultismo

Fernando Pessoa possuía ligações com o ocultismo e o misticismo, salientando-se a Maçonaria e a Rosa-Cruz (embora não se conheça qualquer filiação concreta em Loja ou Fraternidade destas escolas de pensamento), havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas, no Diário de Lisboa, de 4 de fevereiro de 1935, contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz". Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas para si mesmo (de acordo com a sua certidão de nascimento, nasceu às 15h20; tinha ascendente Escorpião e o Sol em Gémeos). Realizou mais de mil horóscopos.

Certa vez, lendo uma publicação inglesa do famoso ocultista Aleister Crowley, Fernando encontrou erros no horóscopo e escreveu ao inglês para corrigi-lo, já que era um conhecedor e praticante da astrologia, conhecimentos estes que impressionaram Crowley e, como gostava de viagens, o fizeram ir até Portugal para conhecer o poeta. Junto com ele veio a maga alemã Miss Jaeger que passou a escrever cartas a Fernando assinando com um pseudônimo ocultista. O encontro não foi muito amigável em via dos desequilíbrios psíquicos e espirituais graves que Crowley tinha e ensinava.


Cátia Medeiros

Alberto Caeiro



Carta Astral de Alberto Caeiro

Catarina Vasconcelos

Alberto Caeiro




Assinatura de Alberto Caeiro

Catarina Vasconcelos

Realismo




Cátia Medeiros

Álvaro de Campos




Assinatura de Álvaro de Campos

Catarina Vssconcelos

Modernismo






Cátia Medeiros

Ricardo Reis



Assinatura de Ricardo Reis

Catarina Vasconcelos
O Sensacionismo

A sensação é a base da arte e da vida…

Definição

Movimento baseado na sensação, que usa e abusa das metáforas dinâmicas, que fazem passar uma ideia de uma sensação individual de percepção.


“Sentir é criar.
Sentir é pensar sem ideias e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideia.
Ter opinião não é sentir.
Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se sente. Só o que se pensa é que se pode transmitir aos outros, e não o que se sente. Apenas se comunica o valor do que se sente. E só se pode fazer sentir o que se sente.”



Excerto

Pobre Velha Música!

Pobre velha música!
Não sei se porque agrado,
Enche-se de lágrimas, sensação auditiva
Meu olhar parado,
Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele o outrora!
E eu era feliz? Não sei!
Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa




Mónica Medeiros

Fernando Pessoa





Mónica Medeiros

Alberto Caeiro

O pensamento para ele gere infelicidade, dor de pensar.

OBJECTIVISMO
- aceitação calma do mundo como ele é e da morte
- Atitude anti lírica
- Atenção à “eterna novidade do mundo”
- Integração e comunhão com a natureza
- Poeta da Natureza
- Poeta deambulatório

SENSACIONISMO - olhar, tacto visuais
- Poetas das sensações tais como são
- Poeta do olhar
- Predomínio das sensações visuais e das auditivas
- O “Argonauta das sensações verdadeiras” descobridor das sensações verdadeiras
- Realismo ingénuo

ANTIMETAFISICA
- predominância das sensações como oposição ao pensamento
- Recusa do pensamento (pensar e estar doente dos olhos)
- Recusa do mistério
- Recusa do misticismo (amar pelas coisas em si mesmo)

PANTEÍSMO NATURALISTA
- Tudo é Deus, as coisas são divinas
- Paganismo
- Desvalorização do tempo enquanto categoria conceptual
- Contradição entre a teoria e a prática

EPICURISMO
- vivência do presente, gozando em cada impressão o seu conteúdo original


CARACTERÍSTICAS ESTILÍSTICAS

-Ausência de preocupações estilísticas
-Vocabulário simples e frases simples
-Versos livres, métrica irregular
-Despreocupação ao nível fónico
-Pobreza lexical (linguagem simples e familiar)
-Adjectivação objectiva e comparações simples e raras metáforas
-Predomínio do presente do indicativo e gerúndio
-Predominância da coordenação


Catarina Vasconcelos

Fernando Pessoa




Estátua de Fernando Pessoa, no café A Brazileira, no Chiado em Lisboa.

Catarina Vasconcelos

Cesário Verde





Mónica Medeiros

Poema elaborado na aula

Os campos verdejantes
Cheios de calma e paz
Sinto a frescura da natureza
Que o vento me trás.



Mónica Medeiros

Poema

A Vida é bela
A Natureza é linda,
Para sermos como ela
Temos muito que viver ainda..

O seu ar puro tem magia
Que me envolve o pensamento,
Sinto uma enorme alegria
Com tão grande deslumbramento..

*Catarina Vasconcelos

Alberto Caeiro




Mónica Medeiros

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Poema

Na Natureza tudo é belo
Onde posso descontrair
Pensando na felicidade
Tudo me vai atrair
Fazendo me sentir
Uma beldade.

Maura Sousa

Tão veloz como o desejo (resumo)

A personagem central deste romance é Júbilo, um telegrafista, um ser que no início dos anos 20 no México ajudou os outros a revelarem o que lhes iam na alma, reescrevendo as mensagens que enviou. A felicidade chega quando Júbilo conhece Lucha, por quem se apaixona perdidamente.
Enfeitiçados um pelo outro, casam e vivem uma vida de sonho. Muitos anos passados, o telégrafo é abandonado.
Como forma de comunicação é um objecto obsoleto, e Júbilo, solitário no seu leito de morte, onde jaz cego e mudo, sofreu ainda com a tragédia que um dia o afastou da mulher, o seu grande e único amor. Mas Lluvia, a filha de ambos, não descansa enquanto não desenterrar o fantasma do passado e desvendar o que está por detrás dessa triste história de paixão e amargura.


Maura Sousa
12ºB N.:14

Contrato de leitura

Maura Medeiros Sousa, estudante na Escola Básica/Secundária do Nordeste, aluna do 12º ano, turma B, assina, conjuntamente com o professor de Língua Portuguesa Adelino Tavares Martins, o presente contrato, onde se estabelece que a aluna se compromete a ler e estudar a obra “Tão veloz como o desejo”, da autoria de Laura Esquivel, publicada pelo Circulo de Leitores. O resumo desta obra será publicado no espaço http://portugues-1.blogspot.com.

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(Maura Medeiros Sousa)
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(Adelino Tavares Martins)

Nordeste, 4 de Dezembro de 2007.

Caricaturas



Maura Sousa
12ºB N.:14


O Modernismo e os –ismos da Vanguarda


Modernismo – movimento estilístico em que a literatura surge associada às artes plásticas e por elas influenciada, desencadeado pela geração de Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros (Orpheu). Caracteriza-se por uma nova visão da vida, que se traduz, na literatura, por uma diferente concepção da linguagem e por uma diferente abordagem dos problemas que a humanidade se vê obrigada a enfrentar, num mundo em crise.


Decadentismo – corrente literária que exprime o cansaço, o tédio, a busca de sensações novas. Apresenta estreitas relações com o Simbolismo.


Paulismo – “palis” é a primeira palavra de “Impressões do Crepúsculo” e a que sugere a atitude estética chamada paulismo. O significado de “paul” liga-se à água estagnada, aos pântanos, onde se misturam e confundem imensas matérias e sugestões. A estagnação remete para a agonia da água, paralisada e impedida de seguir o seu curso.


Interseccionismo – caracteriza-se pelo entrecruzamento de planos que se cortam: intersecção de percepções ou sensações.


Futurismo – corrente literária que se propõe cortar com o passado, exprimindo em arte o dinamismo da vida moderna. Aqui, o vocabulário onomatopaico pretende exaltar a modernidade.


Sensacionismo – corrente literária que considera a sensação como base de toda a arte. Segundo Fernando Pessoa, são três os princípios do Sensacionismo:
- Todo o objecto é uma sensação nossa.
- Toda a arte é uma conversão duma sensação em objecto.
- Toda a arte é a conversão duma sensação numa outra sensação.


Maura Sousa
12ºB N.:14

Fernando Pessoa – Ortónimo



Figura cimeira da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de abalar a sociedade e a literatura burguesas gasta (nomeadamente através dos seus «ismos»: paulismo, interseccionismo, sensacionismo), ele fundamentou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX.
Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.

Maura Sousa
12ºB N.:14

Fernando Pessoa – Heteronímia



Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu “real” de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. São a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso , embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a “novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra”).
Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”.
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.
Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado.
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”) e aceitando o carácter efémero da vida.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais “barulhentas” do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.
A trajetória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada . É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.
Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.

Maura Sousa
12ºB N.:14

Nostalgia de uma infância perdida de Fernando Pessoa e fingimento

Características temáticas

· Identidade perdida (“Quem me dirá sou?”) e incapacidade de auto-definição (“Gato que brincas na rua (...)/ Todo o nada que és é teu./ Eu vejo-me e estou sem mim./ Conhece-me e não sou eu.”)
· Consciência do absurdo da existência
· Recusa da realidade, enquanto aparência (“Há entre mim e o real um véu/à própria concepção impenetrável”)
· Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência
· Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão
· Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção (“Eu simplesmente sinto/ Com a imaginação./ Não uso o coração.” – Isto)
· Estados negativos: egotismo, solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, náusea, desespero
· Inquietação metafísica, dor de viver
· Neoplatonismo
· Tentativa de superação da dor, do presente, etc., através de:
- evocação da infância, idade de ouro, onde a felicidade ficou perdida e onde não existia o doloroso sentir: “Com que ânsia tão raiva/ Quero aquele outrora!” – “Pobre velha música”
- refúgio no sonho, na música e na noite
- ocultismo (correspondência entre o visível e o invisível)
- criação dos heterónimos (“Sê plural como o Universo!”)
· Intuição de um destino colectivo e épico para o seu País (Mensagem)
· Renovador de mitos
· Parte de uma percepção da realidade exterior para uma atitude reflexiva (constrói uma analogia entre as duas realidades transmitidas: a visão do mundo exterior é fabricada em função do sentimento interior)
· Reflexão sobre o problema do tempo como vivência e como factor de fragmentação do “eu”
· A vida é sentida como uma cadeia de instantes que uns aos outros se vão sucedendo, sem qualquer relação entre eles, provocando no poeta o sentimento da fragmentação e da falta de identidade
· O presente é o único tempo por ele experimentado (em cada momento se é diferente do que se foi)
· O passado não existe numa relação de continuidade com o presente
· Tem uma visão negativa e pessimista da existência; o futuro aumentará a sua angústia porque é o resultado de sucessivos presentes carregados de negatividade
As temáticas:
O sonho, a intersecção entre o sonho e a realidade (exemplo: Chuva oblíqua – “E os navios passam por dentro dos troncos das árvores”);
A angustia existencial e a nostalgia da infância (exemplo: Pobre velha música – “Recordo outro ouvir-te./Não sei se te ouvi/Nessa minha infância/Que me lembra em ti.” ;
Distância entre o idealizado e o realizado – e a consequente frustração (“Tudo o que faço ou medito”);
A máscara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar (“Autopsicografia”, verso “O poeta é um fingidor”);ü A intelectualização das emoções e dos sentimentos para a elaboração da arte (exemplo: Não sei quantas almas tenho – “O que julguei que senti”) ;
O ocultismo e o hermetismo (exemplo: Eros e Psique)
O sebastianismo (a que chamou o seu nacionalismo místico e a que deu forma na obra Mensagem;
Tradução dos sentimentos nas linguagem do leitor, pois o que se sente é incomunicável.


Características estilísticas

· A simplicidade formal; rimas externas e internas; redondilha maior (gosto pelo popular) que dá uma ideia de simplicidade e espontaneidade
· Grande sensibilidade musical:
- eufonia – harmonia de sons
- aliterações, encavalgamentos, transportes, rimas, ritmo
- verso geralmente curto (2 a 7 sílabas)
- predomínio da quadra e da quintilha
· Adjectivação expressiva
· Economia de meios:
- Linguagem sóbria e nobre – equilíbrio clássico
· Pontuação emotiva
· Uso frequente de frases nominais
· Associações inesperadas [por vezes desvios sintácticos – enálage (“Pobre velha música”)]
· Comparações, metáforas originais, oxímoros
· Uso de símbolos
· Reaproveitamento de símbolos tradicionais (água, rio, mar...)

- Coexistem 2 correntes:
- Tradicional: continuidade do lirismo português (saudosismo)
- lírica simples e tradicional – desencanto e melancolia
- Modernista: processo de ruptura - heterónimos
- Pessoa ortóniomo (simbolismo, paulismo, interseccionismo)
Na poesia de Fernando Pessoa como ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a modernista.
Alguns dos seus poemas seguem na continuidade do lirismo português outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências modernistas.
A poesia, a cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração que a consciência de si implica (como por exemplo no poema Ela canta, pobre ceifeira nos versos “O que em mim sente ‘stá pensando./Derrama no meu coração”).
Fernando Pessoa procura através da fragmentação do “eu” a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação está evidente por exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas interseccionistas Hora absurda , Chuva oblíqua e Não sei quantas almas tenho (verso “Continuamente me estranho”). O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade, surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.
A poesia do ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que com o fingimento, possibilita a construção da arte.
- Características: - dor de pensar
- angústia existêncial
- nostalgia
- desilusão
- visão negativa do mundo e da vida
- solidão interior
- inquietação perante o enigma inecifrável do mundo
- tédio
- falta de impulsos afectivos de quem já nada espera da vida
- obsessão de análise
- vagos acenos do inexplicável
- recordações da infância
- ceptismo

- Estilo e Linguagem: - preferência pela métrica curta
- linguagem simples, espontânea, mas sóbria
- pontuação (diversidade)
- gosto pelo popular (quadra)
- métrica tradicional: redondilha (7)
- musicalidade


Sinceridade/fingimento

Intelectualização do sentir = fingimento poético, a única forma de criação artística (autopsicografia, isto)
Despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética
Uso da ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade
Crítica de sinceridade ou teoria do fingimento está bem patente na união de contrários
Mentira: linguagem ideal da alma, pois usamos as palavras para traduzir emoções e pensamentos (incomunicável)


Consciência/inconsciência

Aumento da autoconsciência humana
Tédio, náusea, desencontro com os outros (tudo o que faço ou medito)
Tentativa de resposta a várias inquietações que perturbam o poeta


Sentir/pensar

Concilia o pensar e o sentir
Obsessão da análise, extrema lucidez, a dor de pensar (ceifeira)
Solidão interior, angústia existencial, melancolia
Inquietação perante o enigma indecifrável do mundo
Nega o que as suas percepções lhe transmitem - recusa o mundo sensível, privilegiando o mundo inteligível
Fragmentação do eu, perda de identidade – sou muitos e não sou ninguém à interseccionismo entre o material e o sonho; a realidade e a idealidade; realidades psíquicas e físicas; interiores e exteriores; sonhos e paisagens reais; espiritual e material; tempos e espaços; horizontalidade e verticalidade.


O fingimento poético

A poesia de Fernando Pessoa Ortónimo aborda temas como o cepticismo e o idealismo, a dor de pensar, a obsessão da análise da lucidez, o eu fragmentário, a melancolia, o tédio, a angústia existencial , a inquietação perante o enigma indecifrável do mundo, a nostalgia do mundo maravilhoso da infância.
O Fingimento poético é inerente a toda a composição poética do Ortónimo e surge como uma nova concepção de arte.
A poesia de Pessoa é fruto de uma despersonalização, os poemas “Autopsicobiografia” e “ Isto” pretendem transmitir uma fragilidade estrutural ,todavia, escondem uma densidade de conceitos.
O Ortónimo conclui que o poeta é um fingidor : “ finge tão completamente / que chega a pensar se é dor/ a dor que deveras sente/”, bem como um racionalizador de sentimentos.
A expressão dos sentimentos e sensações intelectualizadas são fruto de uma construção mental, a imaginação impera nesta fase de fingimento poético. A composição poética resulta de um jogo lúdico entre palavras que tentam fugir ao sentimentalismo e racionalização. “ e assim nas calhas de roda/ gira a entreter a razão / esse comboio de corda/ que é o coração”.
O pensamento e a sensibilidade são conceitos fundamentais na ortonímia, o poeta brinca intelectualmente com as emoções, levando-as ao nível da arte poética.
O poema resulta ,então ,de algo intelectualizado e pensado .
O fingimento está ,pois, em toda arte de Pessoa. O Saudosismo que se encontra na obra de Pessoa não é mais do que “vivências de estados imaginários” : “ Eu simplesmente sinto/ com a imaginação/ não uso o coração”.

Caricaturas de Fernando Pessoa






















Retrato de Fernando Pessoa feito por Almada Negreiros



Cesário Verde:

Características de Cesário Verde:
Parnasianismo => Escola de rigor sintáctico. O poeta refere-se a si próprio, espectador, imagens e sensações, e a “objectividade” plástica alterna, em vários passos, com a fuga imaginativa. O poeta não diz o que sente, mostra os objectos e desperta ideias (objectividade e impessoalidade)
Usa séries de adjectivos que procuram cingir os contornos e o poder sugestivo das coisas.
Cesário Verde utiliza uma poesia pictórica, pinta quadros por letras.
Impressionista => Valoriza a impressão pura, a percepção imediata, não intelectualizada, com o seu carácter fragmentário e fugaz. Tira o maior partido da cor e da luminosidade, em quadros de ar livre, com objectos de contornos esfumados. É realista à sua maneira, porquanto, na sua fidelidade à sensação, interessando-se não só pelo objecto em si mas pelo efeito que provoca no pintor.
Ao jogo do real e do irreal: os estímulos de circunstância fazem invocar o ausente ou vem a imaginação transfigurar as coisas vistas. Transformar por breves momentos, porque logo depois o poeta tem de voltar à realidade comum.

Cesário Verde deixa-se conquistar pelas seduções da urbe. Traça “quadros revoltados”, queixa-se do tédio. Torna-se o poeta por excelência de Lisboa, cuja figura multifacetada descobrimos, inteira, em poemas. Desde a paisagem física à paisagem humana. Mas quando percorre/deambula a cidade o poeta deixa entrever o desejo de espaços mais amplos, dum ar mais puro, duma vida mais sã. A perfeita integração na vida campestre, sem bucolismos, mas activa, saudável, natural. O Realismo é uma influencia artística que Cesário Verde utiliza i.e., apresenta situações concretas do real objectivo. Naturalismo - funcionalidade - pôr em pratica - do real objectivo.

Contraste Cidade/Campo:
É um dos temas fundamentais da poesia de Cesário Verde e revela-nos o seu amor ao rústico e natural, que celebra por oposição a um certo repúdio da perversidade e dos pseudovalores urbanos e industrias, a que, no entanto, adere. Consegue mostrar a tradição de um país profundamente rural, que tem dificuldades em evitar os benefícios e os malefícios da industrialização e do avanço da civilização urbana. Cidade/Campo ó Morte/Vida



Fernando Pessoa:

Quando se fala em Pessoa ortónimo é preciso distinguir o Pessoa ortónimo que diverge entre o “Lirismo” e “O poeta como fingidor”, e o Pessoa ortónimo- mensagem, que escreveu a Mensagem.
Em Fernando Pessoa, coexistem 2 vertentes: a tradicional e a modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo português, com marcas do saudosismo; outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências modernistas que vão desde o simbolismo ao paulismo e interseccionismo, no Pessoa ortónimo.

Fernando Pessoa ortónimo:
O Pessoa ortónimo revela um drama de personalidade que o leva à dispersão, em relação ao real e a si mesmo, ou lhe provoca fragmentações. Daí a capacidade de despersonalização (a de ser múltiplo sem deixar de ser um), que leva o ortónimo a tentar atingir a finalidade da Arte, ou, como afirma, simplesmente aumentar a autoconsciência humana.
Pessoa procura através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. Verifica-se uma intersecção de realidades físicas e psíquicas, de realidades interiores e exteriores, uma intersecção dos sonhos e das paisagens reais, do espiritual e do material. Uma intersecção de tempos e de espaços, uma intersecção da horizontalidade com a verticalidade. O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade são tentativas para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência. Daí a intelectualização do sentimento para exprimir a arte, que fundamenta o poeta fingidor.
Graças á distanciação que faz do real, o que pode ser entendido como acto de fingimento ou de mentira. Artisticamente, considera que a mentira “é simplesmente a linguagem ideal da alma, pois, assim como nos servimos de palavras, que são sons articulados de uma maneira absurda, para em linguagem real traduzir os mais íntimos e subtis movimentos da emoção e do pensamento (que as palavras forçosamente não poderão nunca traduzir), assim nos servimos da mentira e da ficção para nos entendermos uns aos outros, o que, com a verdade, própria e intransmissível, se nunca poderia fazer.
A pessoa ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte. Fingir é inventar, elaborar mentalmente conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar.
“Isto significa que o acto poético apenas pode comunicar uma dor fingida, inventada, pois a dor real (sentida) continua no sujeito, que, por palavras e imagens, tenta uma representação; e os leitores tendem a considerar uma dor que não é sua, mas que apreendem de acordo com a sua experiência de dor. Existe 3 níveis de compreensão: a dor real (“que deveras sente”), a dor fingida e a “dor lida”.”
O sujeito poético revela-se duplo, fragmentado, na busca de sensações que lhe permitam antever a felicidade ansiada, mas inacessível. A diversidade de planos revela a fragmentação do sujeito. O tempo é para ele um factor de desagregação na medida em tudo é breve, tudo é efémero. O tempo apaga tudo.

Na poesia do ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo português, com marcas do saudosismo; outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências modernistas.

Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação está evidente, por exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas interseccionistas Hora Absurda e Chuva Oblíqua.

O interseccionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.
O ortónimo tem uma ascendência simbolista evidente desde tempos de Orpheu e do Paulismo.

A poesia do ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para pôr tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte.

As temáticas:
- o sonho; a intersecção entre o sonho e a realidade
- a angústia existencial e a nostalgia (de um bem perdido)
- a máscara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar
- a intelectualização das emoções e dos sentimentos para elaboração da arte
- o sebastianismo
- tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que se sente é incomunicável.


Fernando Pessoa ortónimo – Mensagem:
Fernando Pessoa, na Mensagem, procura anunciar um novo império civilizacional. O “intenso sofrimento patriótico” leva-o a antever um império que se encontra para além do material.
A Mensagem é mítica e simbólica. Surge tripartida, a traduzir a evolução desde a sua origem, passado pela fase adulta até à morte, a que se seguirá a ressurreição.
A 1ª parte - o “Brasão”- (construtores do Império) corresponde ao nascimento, com referências aos mitos e figuras históricas, até D. Sebastião, identificadas nos elementos dos brasões. Dá-nos conta do Portugal erguido pelo esforço dos heróis e destinado a grandes feitos.
Na 2ª parte – no “Mar Português” – (o sonho marítimo e a obra das descobertas) surge a realização e vida. Refere personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecidos e os elementos naturais. Mas, porque “tudo vale a pena”, a missão foi cumprida.
Na 3ª parte – “Encoberto”- (a imagem do Império moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional na diáspora lusíada. A esperança do Quinto Império.) aparece a desintegração, havendo, por isso, um presente de sofrimento e de mágoa, pois “falta cumprir-se Portugal”. É preciso acontecer a regeneração, que será anunciada por símbolos e avisos.

Estrutura tripartida da Mensagem:
Os 44 poemas que formam a Mensagem encontram-se agrupados em três partes, ou seja, as etapas da evolução do Império Português – nascimento, realização e morte/renascimento.

Mensagem recorre ao ocultismo para criar o herói – o Encoberto – que se apresenta como D. Sebastião. Note-se que o ocultismo remete para um sentimento de mistério, indecifrável para a maioria dos mortais. Daí que só o detentor do privilégio esotérico (= oculto/secreto) se encontra legitimado para realizar o sonho do Quinto Império.

O ocultismo:
- Três espaços: o histórico, o mítico e o místico
- “A ordem espiritual no homem, no universo e em Deus”
- Poder, inteligência e amor na figura de D. Sebastião.

A conquista do mar não foi suficiente ( o império material desfez-se, ou seja, a missão ainda não foi cumprida): falta concretizar o novo sonho – um império espiritual..
A construção do Futuro (a revolução cultural) tem que ter em conta o Presente e deve aproveitar as lições do Passado, fundamentando-se nas nossas ancestrais tradições.
A atitude heróica é importante para a aproximação a Deus, mas o herói não pode esquecer que o poder baseado na justiça, na lealdade, na coragem e no respeito é mais valioso do que o poder exercido violentamente pelo conquistador – a opção clara pelo poder espiritual, pelo poder moral, pelos valores..



Fernando Pessoa – Heterónimos:

A Heteronomia: “Sinto-me duplo”. Necessidade de descobrir a sua consciência e personalidade. O progresso do poeta dentro de si próprio realiza-se pela vitória sobre a sinceridade, pela conquista da capacidade de fingir. “Não uso o coração”, exprime-se por um acto de fingimento de pura elaboração estética, procurando apenas comunicar enquanto o leitor, se quiser sentir, que sinta. O poeta é um fingidor. Os heterónimos são os companheiros psíquicos.

Heterónimos:
- Ricardo Reis
- Alberto Caeiro
- Álvaro De Campos
- Pessoa Ortónimo

Alberto Caeiro:

Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade com a qual contacta a todo o momento.
Considera que “pensar é estar doente dos olhos”. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. Além disso, Caeiro é o poeta da Natureza que está de acordo com ela e a vê na sua constante renovação. E porque só existe a realidade, o tempo e a ausência de tempo, sem passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são a unidade do tempo. Caeiro só se interessa por aquilo que capta pelas sensações. Nesta medida é um sensacionista. É mestre de Pessoa e dos outros heterónimos.
Procura captar apenas o que as sensações lhe oferecem na realidade imediata. Para si o tempo surge eterno, uno, feito de instantes de presente. Com a intelectualidade do seu olhar liberta-se dos preconceitos, recusa a metafísica, o misticismo e o sentimentalismo social e individual. Ao anular o pensamento metafísico a ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afecta Pessoa.
Álvaro de Campos, que como Caeiro recorre aos versos livres é o homem da cidade, que procura aplicar a lição sensacionista ao mundo da maquina. Mas ao não conseguir acompanhar a pressa mecanicista e a desordem das sensações, sente uma espécie de desumanização e frustração. Falta a Campos a tranquilidade olímpica de Caeiro.
Ricardo Reis, que adquiriu a lição do paganismo espontâneo de Caeiro, cultiva um neoclassicismo neopagão, recorrendo à mitologia greco-latina, e considera a brevidade da vida, pois sabe que o tempo passa e tudo é efémero. Caeiro vê o mundo sem necessidade de explicação, e confessa que existir é um facto maravilhoso. Caeiro aceita a vida sem pensar. Reis talvez a aceite apesar de pensar. Reis chega a ser o contrário do Mestre, sobretudo ao procurar vivenciar poeticamente um sensacionismo de carácter reflexivo, com a emoção controlada pela razão.
Só lhe interessa vivenciar o mundo que capta pelas sensações. Recusa o pensamento metafísico – “pensar é não compreender”- insistindo naquilo a que chama “aprendizagem de desaprender”, ou seja, aprender a não pensar, para se libertar de todos os modelos ideológicos, culturais ou outros, e poder ver a realidade concreta. O pensamento gera infelicidade. Para Caeiro, ver é conhecer e compreender o mundo. A verdadeira vida deve reduzir-se ao “puro sentir”, ao “saber ver estar e pensar.” É o realismo sensorial.
Poeta as natureza. Vivem de acordo com ela, na sua simplicidade e paz. Ama a Natureza. Vê a Natureza na sua constante renovação e crê na “eterna novidade das cisas”. A “recordação é uma traição à Natureza”. Interessa-lhe o presente, o concreto, o imediato, uma vez que é aí que as coisas se apresentam como são.


Ricardo Reis:

Ricardo Reis é médico. É o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com alma lucidez, a relatividade e a fugacidade de todas as coisas. Este discípulo de Caeiros aceita a antiga crença nos deuses, enquanto disciplinadora das nossas emoções e sentimentos, mas defende o prazer do momento, o carpe diem, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos.
Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia (a tranquilidade sem qualquer perturbação). Sente que tem de viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa verdadeira ilusão da felicidade, conseguida pelo esforço estóico lúcido e disciplinado. Pessoa afirma que os próprios deuses “sobre quem pesa o fado” não têm a calma, a liberdade e a felicidade. Pessoa escreveu: “pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental”. Poesia intelectual. Em Ricardo Reis há a apatia face ao mistério da vida mas também se encontra o mundo de angústias que afecta Pessoa.
Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica:

- “carpe diem” ou seja, aproveitai a vida em cada dia como caminho da felicidade
- buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia)
- não ceder ao impulso dos instintos (estoicismo)
- procurar a calma ou, pelo menos, a sua ilusão
- seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre esta apenas pesa o fado).

O Epicurismo, defendia o prazer como caminho para a felicidade. Mas para que a satisfação dos desejos seja estável, sem desprazer ou dor, é necessário um estado de ataraxia. “carpe diem”
O Estoicismo, considera ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e ás paixões, que são perturbações da razão. O ideal ético é a apatia que se defina como ausência de paixão e permite a liberdade, mesmo sendo escravo.
Paganismo
A precisão verbal e o recurso à mitologia associados aos princípios da moral e da estética epicuristas e estóicas ou á tranquila resignação ao destino são marcas da classicismo erudito de Reis. Poeta clássico, da serenidade, Ricardo Reis privilegia a ode, o epigrama e a elegia. A frase concisa e a sintaxe clássica latina, frequentemente com a inversão da ordem lógica (hipérbatos), favorecem o ritmo das suas ideias lúcidas e disciplinadas.

Álvaro de Campos:

Álvaro de Campos surge quando “sente um impulso para escrever”. O próprio Pessoa considera que Campos se encontra “no extremo oposto, inteiramente oposto a Ricardo Reis”.
Para Campos a sensação é tudo. O sensacionismo torna a sensação a realidade da vida e a base da arte. O Eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir. Álvaro de Campos é quem melhor procura a totalizarão das sensações, mas sobretudo das percepções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.
Álvaro de Campo é o mais moderno dos heterónimos, descreve-o como engenheiro naval e afirma que escreve em seu nome quando sente “um súbito impulso de escrever”. Álvaro de Campos é quem melhor procura a totalização das sensações, mas sobretudo das percepções conforme as sente, ou como ele próprio afirma “sentir tudo de todas as maneiras”.
O sensacionismo de Campos começa com a premissa de que a única realidade é a sensação. Mas a nova tecnologia na fábrica e nas ruas da metrópole moderna provoca-lhe a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa vertigem insaciável.
Ao tentar a totalização de todas as possibilidades sensoriais e afectivas da humanidade, em todo o espaço, tempo ou circunstâncias, num mesmo processo psíquico individual, o sensacionismo faz o mesmo que o Unanimismo francês (movimento poético que em reacção contra o individualismo e as estéticas do descontínuo, procura criar laços entre os grupos humanos, interpretando a sua alma e a sua vida, acreditando na possibilidade de uma alma “unanime”, na solidariedade e na importância da colectividade para fazer face ás situações reais e ameaçadoras da vida moderna).
A obra de Álvaro de Campos passa por três fases:
- a decadentista – que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações (Opiário); O Decadentismo surge como uma atitude estética finissecular que exprime o tédio, o enfado, a náusea, o cansaço, o abatimento e a necessidade de fuga á monotonia.
- a futurista e sensacionista – nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da maquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da maquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”
- a intimista – que, perante a incapacidade da realizações, traz de volta o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo, / Cansaço..”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado.