quarta-feira, 5 de março de 2008

Álvaro de campos e as suas fases

1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”, somente)

- exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a naúsea, o abatimento e a necessidade de novas sensações

- traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia

- marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)

- abulia, tédio de viver

- procura de sensações novas

- busca de evasão


2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS - FUTURISTA/SENSACIONISTA

Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.

· Futurismo:

- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)

- ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional

- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida


· Sensacionismo:

- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)

- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)

- cantor lúcido do mundo moderno



3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO

Perante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo, /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. (“Esta velha angústia”; “Apontamento”; “Lisbon revisited”).

O drama de Álvaro Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade; é uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela, como Pessoa, a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra., o cepticismo, a dor de pensar e a nostalgia da infância.



Maura Sousa

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