segunda-feira, 10 de março de 2008

RICARDO REIS E ÁLVARO DE CAMPOS

Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista. Este defende a busca de uma felicidade alcançada pela indiferença á perturbação, como nos mostra o poema “Segue o teu destino”.
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento como caminho da felicidade. Apesar disso considera que nunca se consegue a calma e tranquilidade. Sente que tem de viver em conformidade com as leis que regem o mundo, ou seja, a autodisciplina e a resignação a um destino.
Ricardo Reis propõe uma filosofia de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica. Por um lado, o epicurismo defendia que para a satisfação fosse estável era necessário um estado de ataraxia. Por sua vez, o estoicismo é uma corrente filosófica que considera possível encontra a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino.
A precisão verbal é uma das marcas presentes em Ricardos Reis que nos remetem ao classicismo.
Ricardo Reis adquiriu também uma lição de paganismo, recorrendo á mitologia greco-latina. Ele crê nos deuses e nas presenças destes em todas as coisas.
Ao contrário de Ricardo Reis, Álvaro de Campos considera que sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”. De facto, o sensacionismo de Campos transmite-nos que a única realidade é a sensação.
Ao defender a totalização de todas as sensações e afectos da humanidade, o sensacionismo faz o mesmo que o unanimismo, que acredita na possibilidade de uma alma “unânime”.
A obra de Campos passa por três fases, a decadentista que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações; a fase futurista e sensacionista, em que Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna; e, por fim, a fase intimista que traz de volta o abatimento e a angustia.
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo entre o amor do mundo e da humanidade.

Mónica Medeiros

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