quinta-feira, 5 de junho de 2008
“FELIZMENTE HÁ LUAR!”, LUÍS DE STTAU MONTEIRO
CLASSIFICAÇÃO LITERÁRIA DA OBRA
Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico. Mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
TEMPO
a) tempo histórico: século XIX
b) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
c) tempo da representação: 1h30m/2h
d) tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
e) tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
a) espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
b) espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
O TÍTULO (surge duas vezes ao longo da peça inserido nas falas das personagens)
1) página 131 – D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo
2) página 140 – Matilde: na altura da execução são proferidas palavras de coragem e estímulo, para que o povo se revolte contra a tirania
Num primeiro momento, o título representa as trevas e o obscurantismo; num segundo momento, representa a caminhada da sociedade em busca da liberdade.
ELEMENTOS SIMBÓLICOS
a) saia: esperança (cor verde) de que um dia se reponha a justiça, estando associada ao significado simbólico da lua
b) lua: porque não tem luz própria, representa a dependência; por outro lado, porque tem fases, simboliza a renovação e transformação
c) luz: vida, felicidade, representa a esperança num momento trágico
d) noite: símbolo do obscurantismo
LINGUAGEM E ESTILO
• Recursos estilísticos: enorme variedade (tomar espacial atenção à ironia)
• Funções da linguagem: apelativa (frase imperativa); informativa (frase declarativa); emotiva [frase exclamativa, reticências, anacoluto (frases interrompidas)]; metalinguística
• Marcas da linguagem e estilo: provérbios, expressões populares, frases sentenciosas
CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS
• Manuel: o mais consciente dos populares; é corajoso.
• Vicente: traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
• D. Miguel: prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros); deixou-se corromper pelo poder.
• Principal Sousa: defende o obscurantismo; deformado pelo fanatismo religioso; desonesto.
• Beresford: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos 2 governadores portugueses.
• Sousa Falcão: representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
• Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
• Matilde: representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social);por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
• Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
• Gomes Freire: defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade.
TEXTO PRINCIPAL: As falas das personagens
TEXTO SECUNDÁRIO: as didascálias/indicações cénicas (têm um papel crucial na peça)
Mónica Medeiros
Trata-se de uma drama narrativo de carácter épico. Mostra o mundo e o homem em constante transformação; mostra a preocupação com o homem e o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação e a denúncia da ausência de moral; alerta para a necessidade de uma sociedade solidária que permita a verdadeira realização do homem.
De acordo com Brecht, Sttau Monteiro proporciona uma análise crítica da sociedade, mostrando a realidade, do modo a levar os espectadores a reagir criticamente e a tomar uma posição.
TEMPO
a) tempo histórico: século XIX
b) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
c) tempo da representação: 1h30m/2h
d) tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
e) tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
a) espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
b) espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
O TÍTULO (surge duas vezes ao longo da peça inserido nas falas das personagens)
1) página 131 – D. Miguel: salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o castigo de Gomes Freire se torne num exemplo
2) página 140 – Matilde: na altura da execução são proferidas palavras de coragem e estímulo, para que o povo se revolte contra a tirania
Num primeiro momento, o título representa as trevas e o obscurantismo; num segundo momento, representa a caminhada da sociedade em busca da liberdade.
ELEMENTOS SIMBÓLICOS
a) saia: esperança (cor verde) de que um dia se reponha a justiça, estando associada ao significado simbólico da lua
b) lua: porque não tem luz própria, representa a dependência; por outro lado, porque tem fases, simboliza a renovação e transformação
c) luz: vida, felicidade, representa a esperança num momento trágico
d) noite: símbolo do obscurantismo
LINGUAGEM E ESTILO
• Recursos estilísticos: enorme variedade (tomar espacial atenção à ironia)
• Funções da linguagem: apelativa (frase imperativa); informativa (frase declarativa); emotiva [frase exclamativa, reticências, anacoluto (frases interrompidas)]; metalinguística
• Marcas da linguagem e estilo: provérbios, expressões populares, frases sentenciosas
CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS
• Manuel: o mais consciente dos populares; é corajoso.
• Vicente: traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
• D. Miguel: prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros); deixou-se corromper pelo poder.
• Principal Sousa: defende o obscurantismo; deformado pelo fanatismo religioso; desonesto.
• Beresford: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos 2 governadores portugueses.
• Sousa Falcão: representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
• Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
• Matilde: representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social);por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
• Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
• Gomes Freire: defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade.
TEXTO PRINCIPAL: As falas das personagens
TEXTO SECUNDÁRIO: as didascálias/indicações cénicas (têm um papel crucial na peça)
Mónica Medeiros
VISÃO CRÍTICA do Memorial do convento (texto argumentativo)
Tendo como pretexto a construção do convento de Mafra, Saramago, adoptando a perspectiva de um narrador distanciado do tempo da diegese, apresenta uma visão crítica da sociedade portuguesa da primeira metade do século XVIII. É neste sentido que Memorial do Convento transpõe a classificação de romance histórico, uma vez que não se trata de uma mera reconstituição de um acontecimento histórico, mas é antes um testemunho intemporal e universal do sofrimento de um povo sujeito à tirania de uma sociedade em que só a vontade de el-rei prevalecem o resto é nada (XXII).
Logo desde o início do romance é visível o tom irónico e, até mesmo, sarcástico do narrador relativamente à hipotética esterilidade da rainha e à infidelidades do rei. Esta atitude irónica do narrador mantém-se ao longo da obra, denunciando o comportamento leviano do rei, a sua vaidade desmedida e as promessas megalómanas de que resulta o sofrimento extreo de homens que não fizeram filho nenhum à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam (XIX).
O clero, que exerce o seu poder sobre o povo ignorante através da instauração de um regime repressivo entre os seus seguidores e que constantemente quebra o voto de castidade, também não escapa ao olhar crítico e sarcástico do narrador. A actuação da Inquisição que, à luz da fé cristã, manipula os mais fracos é de igual modo criticada ao longo do romance, nomeadamente, através da apresentação de diversos autos-de-fé e uma crítica às pessoas que dançam em volta das fogueiras onde se queimaram os condenados.
Assim, são sobretudo as personagens de estatuto social privilegiado o alvo da crítica do narrador que denuncia as injustiças sociais, a omnipotência dos poderosos e a exploração do povo – evidenciada nas miseráveis condições de trabalho dos operários do convento de Mafra; ao mesmo tempo que denota empatia face aos mais desfavorecidos, cujo esforço elogia e enaltece.
A crítica estende-se, ainda: à Justiça portuguesa que castiga os pobres e despenaliza os ricos, ao facto de se preterir os artífices e os produtos nacionais em defesa dos estrangeiros, bem como ao adultério e À corrupção generalizados.
Em suma, Memorial do Convento constitui acima de tudo uma reflexão crítica – ao problematizar temas perfeitamente adaptáveis à época contemporânea do autor – conducente a uma releitura do passado e à correcção da visão que se tem da História.
Cátia Medeiros
Tendo como pretexto a construção do convento de Mafra, Saramago, adoptando a perspectiva de um narrador distanciado do tempo da diegese, apresenta uma visão crítica da sociedade portuguesa da primeira metade do século XVIII. É neste sentido que Memorial do Convento transpõe a classificação de romance histórico, uma vez que não se trata de uma mera reconstituição de um acontecimento histórico, mas é antes um testemunho intemporal e universal do sofrimento de um povo sujeito à tirania de uma sociedade em que só a vontade de el-rei prevalecem o resto é nada (XXII).
Logo desde o início do romance é visível o tom irónico e, até mesmo, sarcástico do narrador relativamente à hipotética esterilidade da rainha e à infidelidades do rei. Esta atitude irónica do narrador mantém-se ao longo da obra, denunciando o comportamento leviano do rei, a sua vaidade desmedida e as promessas megalómanas de que resulta o sofrimento extreo de homens que não fizeram filho nenhum à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixam (XIX).
O clero, que exerce o seu poder sobre o povo ignorante através da instauração de um regime repressivo entre os seus seguidores e que constantemente quebra o voto de castidade, também não escapa ao olhar crítico e sarcástico do narrador. A actuação da Inquisição que, à luz da fé cristã, manipula os mais fracos é de igual modo criticada ao longo do romance, nomeadamente, através da apresentação de diversos autos-de-fé e uma crítica às pessoas que dançam em volta das fogueiras onde se queimaram os condenados.
Assim, são sobretudo as personagens de estatuto social privilegiado o alvo da crítica do narrador que denuncia as injustiças sociais, a omnipotência dos poderosos e a exploração do povo – evidenciada nas miseráveis condições de trabalho dos operários do convento de Mafra; ao mesmo tempo que denota empatia face aos mais desfavorecidos, cujo esforço elogia e enaltece.
A crítica estende-se, ainda: à Justiça portuguesa que castiga os pobres e despenaliza os ricos, ao facto de se preterir os artífices e os produtos nacionais em defesa dos estrangeiros, bem como ao adultério e À corrupção generalizados.
Em suma, Memorial do Convento constitui acima de tudo uma reflexão crítica – ao problematizar temas perfeitamente adaptáveis à época contemporânea do autor – conducente a uma releitura do passado e à correcção da visão que se tem da História.
Cátia Medeiros
Memorial do Convento
*Romance histórico, social e de espaço que articula o plano da história com o plano do fantástico e da ficção.
*O título sugere memórias de um passado delimitado pela construção do convento de Mafra e memórias do que de grandioso e trágico tem o símbolo do país.
Intriga: Blimunda imprime à acção uma dinâmica com espiritualidade, ternura e amor.
Contextualização: D.João V é aclamado rei em 1707, durante a Guerra da Sucessão de Espanha. A obra passa-se no Reinado de D. João V, séc. XVIII, época de luxo e grandeza, D. João V é influenciado pelos diplomatas, intelectuais e estrangeirados. Constrói o convento em Mafra por querer ultrapassar a grandeza do escorial de Madrir e para celebrar o nascimento do seu filho. A Inquisição ocupa-se com a ordem religiosa e moral e as suas vítimas são: cristãos-novos, judeus, hereges, feiticeiros, intelectuais.
Memorial do Convento: narrativa histórica (30 anos da história portuguesa) entrelaçando acontecimentos e personagens verídicos com seres fictícios.
ROMANCE HISTÓRICO: oferece-nos uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa da época, a sumptuosidade da corte, a exploração dos operários, referências à Guerra da Sucessão, autos-de-fé, construção do convento, construção da passarola pelo Padre Bartolomeu de Gusmão.
ROMANCE SOCIAL:é crónica de costumes.
*Saramago propõe um repensar da história portuguesa, através da ficção e com a sua palavra reveladora.
SITUAÇÕES RELEVANTES NA ACÇÃO: construção do convento de Mafra e relação entre Baltasar e Blimunda.
ACÇÃO PRINCIPAL: Construção do convento de Mafra: reinvenção da história pela ficção; entrelaçamento de dados históricos com a promessa de D. João V e o sofrimento do povo que trabalhou no convento; situação económica do País; autos-de-fé; construção da passarola.
ESPAÇOS PRIVILEGIADOS: Lisboa; Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Rossio; Mafra; Pêro Pinheiro, Vela, Torres Vedras, Monte Junto.
Lisboa: cidade que contém em si ricos e pobres
Alentejo: permite conhecer a miséria que o povo passava
Mafra: deu trabalho a muita gente, mas socialmente, destruiu famílias e criou marginalização
TEMPO: as referências temporais são escassas, ou apresentam-se por dedução. As analepses são pouco significativas. A data de 1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas facilmente se deduz.
NARRAÇÃO: Saramago rejeita a omnipotência do narrador, voz crítica. A voz narrativa controla a acção, as motivações e pensamentos das personagens, mas faz também as suas reflexões e juízos de valor. Os discursos facilmente passam da história à ficção. (Segundo Sartre, estamos perante um narrador privilegiado, com poder de ubiquidade (está dentro da consciência de cada personagem, mas também sabe o antes e o depois).
CARGA SIMBÓLICA: sugere as memórias evocativas do passado e remete para o mítico e misterioso
SIGNIFICADO DO TÍTULO DA OBRA: “MEMORIAL” (memórias de uma época – construção do convento, inquisição, passarola, etc)
“do CONVENTO” (construção do convento de Mafra)
PERSONAGENS:
D. João V – Rei de Portugal, rico e poderoso, preocupado com a falta de descendentes, promete levantar convento em Mafra se tiver filhos da rainha
Baltasar Sete-Sóis – maneta, chega a Lisboa como pedinte, conhece Blimunda, ajuda na construção da passarola, morre num auto-de-fé
Blimunda Sete-Luas – capacidades de vidente, vê entranhas e vontades, ajuda na construção da passarola, partilha a sua vida com Baltasar, o seu poder permite curar ou criar. Saramago consegue dotá-la de forças latentes e extraordinárias, que permitem ao povo a sobrevivência, mesmo quando as forças da repressão atingem requintes de sadismo.
Padre Bartolomeu de Gusmão – evita a Inquisição devido à amizade com o Rei, apoiado por Baltasar, Blimunda e Scarlatti, morre em Toledo.
O Povo – construiu o convento em Mafra, à custa de muitos sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V.
CRÍTICA: ironia e sarcasmo à opulência do rei e alguns nobres, ao adultério e corrupção, à Inquisição.
cátia Medeiros
*O título sugere memórias de um passado delimitado pela construção do convento de Mafra e memórias do que de grandioso e trágico tem o símbolo do país.
Intriga: Blimunda imprime à acção uma dinâmica com espiritualidade, ternura e amor.
Contextualização: D.João V é aclamado rei em 1707, durante a Guerra da Sucessão de Espanha. A obra passa-se no Reinado de D. João V, séc. XVIII, época de luxo e grandeza, D. João V é influenciado pelos diplomatas, intelectuais e estrangeirados. Constrói o convento em Mafra por querer ultrapassar a grandeza do escorial de Madrir e para celebrar o nascimento do seu filho. A Inquisição ocupa-se com a ordem religiosa e moral e as suas vítimas são: cristãos-novos, judeus, hereges, feiticeiros, intelectuais.
Memorial do Convento: narrativa histórica (30 anos da história portuguesa) entrelaçando acontecimentos e personagens verídicos com seres fictícios.
ROMANCE HISTÓRICO: oferece-nos uma minuciosa descrição da sociedade portuguesa da época, a sumptuosidade da corte, a exploração dos operários, referências à Guerra da Sucessão, autos-de-fé, construção do convento, construção da passarola pelo Padre Bartolomeu de Gusmão.
ROMANCE SOCIAL:é crónica de costumes.
*Saramago propõe um repensar da história portuguesa, através da ficção e com a sua palavra reveladora.
SITUAÇÕES RELEVANTES NA ACÇÃO: construção do convento de Mafra e relação entre Baltasar e Blimunda.
ACÇÃO PRINCIPAL: Construção do convento de Mafra: reinvenção da história pela ficção; entrelaçamento de dados históricos com a promessa de D. João V e o sofrimento do povo que trabalhou no convento; situação económica do País; autos-de-fé; construção da passarola.
ESPAÇOS PRIVILEGIADOS: Lisboa; Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Rossio; Mafra; Pêro Pinheiro, Vela, Torres Vedras, Monte Junto.
Lisboa: cidade que contém em si ricos e pobres
Alentejo: permite conhecer a miséria que o povo passava
Mafra: deu trabalho a muita gente, mas socialmente, destruiu famílias e criou marginalização
TEMPO: as referências temporais são escassas, ou apresentam-se por dedução. As analepses são pouco significativas. A data de 1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas facilmente se deduz.
NARRAÇÃO: Saramago rejeita a omnipotência do narrador, voz crítica. A voz narrativa controla a acção, as motivações e pensamentos das personagens, mas faz também as suas reflexões e juízos de valor. Os discursos facilmente passam da história à ficção. (Segundo Sartre, estamos perante um narrador privilegiado, com poder de ubiquidade (está dentro da consciência de cada personagem, mas também sabe o antes e o depois).
CARGA SIMBÓLICA: sugere as memórias evocativas do passado e remete para o mítico e misterioso
SIGNIFICADO DO TÍTULO DA OBRA: “MEMORIAL” (memórias de uma época – construção do convento, inquisição, passarola, etc)
“do CONVENTO” (construção do convento de Mafra)
PERSONAGENS:
D. João V – Rei de Portugal, rico e poderoso, preocupado com a falta de descendentes, promete levantar convento em Mafra se tiver filhos da rainha
Baltasar Sete-Sóis – maneta, chega a Lisboa como pedinte, conhece Blimunda, ajuda na construção da passarola, morre num auto-de-fé
Blimunda Sete-Luas – capacidades de vidente, vê entranhas e vontades, ajuda na construção da passarola, partilha a sua vida com Baltasar, o seu poder permite curar ou criar. Saramago consegue dotá-la de forças latentes e extraordinárias, que permitem ao povo a sobrevivência, mesmo quando as forças da repressão atingem requintes de sadismo.
Padre Bartolomeu de Gusmão – evita a Inquisição devido à amizade com o Rei, apoiado por Baltasar, Blimunda e Scarlatti, morre em Toledo.
O Povo – construiu o convento em Mafra, à custa de muitos sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V.
CRÍTICA: ironia e sarcasmo à opulência do rei e alguns nobres, ao adultério e corrupção, à Inquisição.
cátia Medeiros
quarta-feira, 4 de junho de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
Felizmente há Luar! (Breves características)
TEMPO
tempo histórico: século XIX
tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
tempo da representação: 1h30m/2h tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
PERSONAGENS:
GOMES FREIRE: protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade
D. MIGUEL FORJAZ: primo de Gomes Freire, assustado com as transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista. prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros);
PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, é deformado pelo fanatismo religioso; desonesto, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses
BERESFORD: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico
VICENTE: sarcástico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa material, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado; traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
MANUEL: denuncia a opressão a que o povo está sujeito. É o mais consciente dos populares; é corajoso.
MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, sincera, ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
SOUSA FALCÃO: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA perseguem, prendem e mandam executar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execução à noite, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para MATILDE era uma luz a seguir na luta pela liberdade.
LINGUAGEM E ESTILO
Linguagem
- natural, viva e maleável, utilizada como marca caracterizadora e individualizadora de algumas das personagens
- uso de frases em latim com conotação irónica, por aparecerem no momento da condenação e da execução
- frases incompletas por hesitação ou interrupção
- marcas características do discurso oral
- recurso frequente à ironia e sarcasmo
Cátia Medeiros
tempo histórico: século XIX
tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
tempo da representação: 1h30m/2h tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
ESPAÇO
espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
PERSONAGENS:
GOMES FREIRE: protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade. É apresentado como o defensor do povo oprimido; o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado); símbolo de esperança de liberdade
D. MIGUEL FORJAZ: primo de Gomes Freire, assustado com as transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista. prepotente; autoritário; servil (porque se rebaixa aos outros);
PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, é deformado pelo fanatismo religioso; desonesto, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses
BERESFORD: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação; oportunista; autoritário; mas é bom militar; preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro; ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico
VICENTE: sarcástico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa material, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado; traidor; desleal; acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
MANUEL: denuncia a opressão a que o povo está sujeito. É o mais consciente dos populares; é corajoso.
MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, sincera, ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
SOUSA FALCÃO: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade; é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça; ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
Frei Diogo: homem sério; representante do clero; honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
Delatores: mesquinhos; oportunistas; hipócritas.
MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA perseguem, prendem e mandam executar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execução à noite, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para MATILDE era uma luz a seguir na luta pela liberdade.
LINGUAGEM E ESTILO
Linguagem
- natural, viva e maleável, utilizada como marca caracterizadora e individualizadora de algumas das personagens
- uso de frases em latim com conotação irónica, por aparecerem no momento da condenação e da execução
- frases incompletas por hesitação ou interrupção
- marcas características do discurso oral
- recurso frequente à ironia e sarcasmo
Cátia Medeiros
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Episódio da Ilha dos Amores
O episódio da Ilha dos Amores localiza-se no final do canto IX e dá-se durante a viagem de regresso da armada portuguesa responsável pela pioneira jornada que ligou Portugal à Índia por mar. Dirigiam-se para a pátria os navegadores lusitanos autores de tão grandioso feito quando avistaram a Ilha Namorada deslocando-se ao seu encontro. A localização geográfica da Ilha não é mencionada porque não é revelante, o que importa é que ali foi conduzida por Vénus para se cruzar com a armada portuguesa.
Assim, os portugueses depararam-se com uma ilha paradisiaca de paisagens exuberantes que lhes porprociona o merecido descanso e oferece prazeres raramente dirigidos aos mortais. Neste território, podem os homens satisfazer todos os sentidos, quer através dos inumeros manjares disponiveis, quer atravé da companhia de belas deusas. Mas nada disto é real, a Ilha não é mais do uma metáfora usada para materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos e os prazeres nelas presentes uma representação dos prémios por em tanto dilatarem, em fama e glória, a pátria. O contacto com as Ninfas representa o prémio máximo pois, ao aproximar os navegadores destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais.
Deste modo, podemos concluir que é possivel aos humanos atingir a imortalidade mas, para tal de nada valem a cobiça e a ambição, há que ser autor de obras verdadeiramente valerosas.
Mónica Medeiros
Assim, os portugueses depararam-se com uma ilha paradisiaca de paisagens exuberantes que lhes porprociona o merecido descanso e oferece prazeres raramente dirigidos aos mortais. Neste território, podem os homens satisfazer todos os sentidos, quer através dos inumeros manjares disponiveis, quer atravé da companhia de belas deusas. Mas nada disto é real, a Ilha não é mais do uma metáfora usada para materializar a recompensa dos portugueses pelos feitos atingidos e os prazeres nelas presentes uma representação dos prémios por em tanto dilatarem, em fama e glória, a pátria. O contacto com as Ninfas representa o prémio máximo pois, ao aproximar os navegadores destes seres, Camões compara-os aos deuses e eleva-os à condição de imortais.
Deste modo, podemos concluir que é possivel aos humanos atingir a imortalidade mas, para tal de nada valem a cobiça e a ambição, há que ser autor de obras verdadeiramente valerosas.
Mónica Medeiros
Estrutura da Obra "Os Lusíadas"
Divisão em partes:
1. Proposição
2. Invocação
3. Dedicatória
4. Narração
A narração inclui:
Intervenções do maravilhoso
Episódios (narrativas menores)
Narrações retrospectivas, retrocesso no tempo em relação à acção central, isto é, 1498, ano em que se efectuou a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia:
1. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a história de Portugal desde a sua fundação lendária - cantos III e IV
2. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a viagem de Lisboa a Moçambique, já que no canto I a narração começa in medias res - canto V
3. Profecias, avanços no tempo em relação à acção central:
Profecia de Júpiter a Vénus - canto II;
Profecia dos rios Indo e Ganges a D. Manuel - canto IV;
Profecias do Gigante Adamastor a Vasco da Gama - canto V;
Profecias de Tétis a Vasco da Gama durante o banquete - canto X;
Profecias de Tétis no monte, frente à bola de cristal - canto X,
Planos narrativos
1. Plano da viagem
2. Plano dos Deuses
3. Plano da História de Portugal
4. Plano do Poeta
Mónica Medeiros
1. Proposição
2. Invocação
3. Dedicatória
4. Narração
A narração inclui:
Intervenções do maravilhoso
Episódios (narrativas menores)
Narrações retrospectivas, retrocesso no tempo em relação à acção central, isto é, 1498, ano em que se efectuou a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia:
1. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a história de Portugal desde a sua fundação lendária - cantos III e IV
2. De Vasco da Gama ao rei de Melinde, contando a viagem de Lisboa a Moçambique, já que no canto I a narração começa in medias res - canto V
3. Profecias, avanços no tempo em relação à acção central:
Profecia de Júpiter a Vénus - canto II;
Profecia dos rios Indo e Ganges a D. Manuel - canto IV;
Profecias do Gigante Adamastor a Vasco da Gama - canto V;
Profecias de Tétis a Vasco da Gama durante o banquete - canto X;
Profecias de Tétis no monte, frente à bola de cristal - canto X,
Planos narrativos
1. Plano da viagem
2. Plano dos Deuses
3. Plano da História de Portugal
4. Plano do Poeta
Mónica Medeiros
“Mensagem” vs. “Os Lusíadas”
Semelhanças:
Concepção mística e missionária/missionante da história portuguesa, preocupação arquitectónica: ambas obedecem a um plano cuidadosamente elaborado, o reverso da vitória são as lágrimas.
Diferenças:
۰ Os Lusíadas foram compostos no início do processo de dissolução do império e Mensagem publicada na fase terminal de dissolução do império;
۰ Os Lusíadas têm um carácter predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem um carácter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral;
۰ no primeiro o Adamastor é sinónimo de lágrimas e mortes, sofrimento e audácia que as navegações exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores vencidos pela ousadia;
۰ nos Lusíadas o tema é o real, o histórico, o factual (os acontecimentos, os lugares), em Mensagem o tema é a essência de Portugal e a necessidade de cumprir uma missão;
۰ para Camões os deuses olímpicos regem os acidentes e as peripécias do real quotidiano, para Pessoa os deuses são superados pelo destino, que é força abstracta e inexorável;
۰ nos Lusíadas os heróis são pessoas com limitações próprias da condição humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela intervenção divina cristã ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heróis são mitificados e encarnam valores simbólicos, assumindo proporções gigantescas;
۰ Lusíadas: narrativa comentada da história de Portugal, Mensagem: metafísica do ser português; Lusíadas: heróis e mitos que narram as grandezas passadas. Mensagem: heróis e mitos que exaltam as façanhas do passado em função de um desesperado apelo para grandezas futuras;
A comparação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem" impõe-se pelo próprio facto de esta ser, a alguns séculos de distância e num tempo de decadência - o novo mito de pátria portuguesa.
Mónica Medeiros
Concepção mística e missionária/missionante da história portuguesa, preocupação arquitectónica: ambas obedecem a um plano cuidadosamente elaborado, o reverso da vitória são as lágrimas.
Diferenças:
۰ Os Lusíadas foram compostos no início do processo de dissolução do império e Mensagem publicada na fase terminal de dissolução do império;
۰ Os Lusíadas têm um carácter predominantemente narrativo e pouco abstractizante, enquanto que Mensagem tem um carácter menos narrativo e mais interpretativo e cerebral;
۰ no primeiro o Adamastor é sinónimo de lágrimas e mortes, sofrimento e audácia que as navegações exigiram, enquanto que no segundo simboliza os medos e terrores vencidos pela ousadia;
۰ nos Lusíadas o tema é o real, o histórico, o factual (os acontecimentos, os lugares), em Mensagem o tema é a essência de Portugal e a necessidade de cumprir uma missão;
۰ para Camões os deuses olímpicos regem os acidentes e as peripécias do real quotidiano, para Pessoa os deuses são superados pelo destino, que é força abstracta e inexorável;
۰ nos Lusíadas os heróis são pessoas com limitações próprias da condição humana, mesmo se ajudados nos sonhos pela intervenção divina cristã ou pelos deuses do Olimpo, em Mensagem os heróis são mitificados e encarnam valores simbólicos, assumindo proporções gigantescas;
۰ Lusíadas: narrativa comentada da história de Portugal, Mensagem: metafísica do ser português; Lusíadas: heróis e mitos que narram as grandezas passadas. Mensagem: heróis e mitos que exaltam as façanhas do passado em função de um desesperado apelo para grandezas futuras;
A comparação entre "Os Lusíadas" e a "Mensagem" impõe-se pelo próprio facto de esta ser, a alguns séculos de distância e num tempo de decadência - o novo mito de pátria portuguesa.
Mónica Medeiros
segunda-feira, 10 de março de 2008
RICARDO REIS E ÁLVARO DE CAMPOS
Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista. Este defende a busca de uma felicidade alcançada pela indiferença á perturbação, como nos mostra o poema “Segue o teu destino”.
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento como caminho da felicidade. Apesar disso considera que nunca se consegue a calma e tranquilidade. Sente que tem de viver em conformidade com as leis que regem o mundo, ou seja, a autodisciplina e a resignação a um destino.
Ricardo Reis propõe uma filosofia de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica. Por um lado, o epicurismo defendia que para a satisfação fosse estável era necessário um estado de ataraxia. Por sua vez, o estoicismo é uma corrente filosófica que considera possível encontra a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino.
A precisão verbal é uma das marcas presentes em Ricardos Reis que nos remetem ao classicismo.
Ricardo Reis adquiriu também uma lição de paganismo, recorrendo á mitologia greco-latina. Ele crê nos deuses e nas presenças destes em todas as coisas.
Ao contrário de Ricardo Reis, Álvaro de Campos considera que sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”. De facto, o sensacionismo de Campos transmite-nos que a única realidade é a sensação.
Ao defender a totalização de todas as sensações e afectos da humanidade, o sensacionismo faz o mesmo que o unanimismo, que acredita na possibilidade de uma alma “unânime”.
A obra de Campos passa por três fases, a decadentista que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações; a fase futurista e sensacionista, em que Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna; e, por fim, a fase intimista que traz de volta o abatimento e a angustia.
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo entre o amor do mundo e da humanidade.
Mónica Medeiros
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento como caminho da felicidade. Apesar disso considera que nunca se consegue a calma e tranquilidade. Sente que tem de viver em conformidade com as leis que regem o mundo, ou seja, a autodisciplina e a resignação a um destino.
Ricardo Reis propõe uma filosofia de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica. Por um lado, o epicurismo defendia que para a satisfação fosse estável era necessário um estado de ataraxia. Por sua vez, o estoicismo é uma corrente filosófica que considera possível encontra a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino.
A precisão verbal é uma das marcas presentes em Ricardos Reis que nos remetem ao classicismo.
Ricardo Reis adquiriu também uma lição de paganismo, recorrendo á mitologia greco-latina. Ele crê nos deuses e nas presenças destes em todas as coisas.
Ao contrário de Ricardo Reis, Álvaro de Campos considera que sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as maneiras”. De facto, o sensacionismo de Campos transmite-nos que a única realidade é a sensação.
Ao defender a totalização de todas as sensações e afectos da humanidade, o sensacionismo faz o mesmo que o unanimismo, que acredita na possibilidade de uma alma “unânime”.
A obra de Campos passa por três fases, a decadentista que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações; a fase futurista e sensacionista, em que Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna; e, por fim, a fase intimista que traz de volta o abatimento e a angustia.
O drama de Álvaro de Campos concretiza-se num apelo entre o amor do mundo e da humanidade.
Mónica Medeiros
quarta-feira, 5 de março de 2008
Dicionário dos símbolos
Castelo - símbolo de protecção, simboliza a conjunção dos desejos
(castelo negro: imagem do inferno; branco: simbolo da realização; apagado: simboliza o inconsciente; iluminado: simboliza a consciência.)
Maura Sousa
(castelo negro: imagem do inferno; branco: simbolo da realização; apagado: simboliza o inconsciente; iluminado: simboliza a consciência.)
Maura Sousa
Álvaro de campos e as suas fases
1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”, somente)
- exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a naúsea, o abatimento e a necessidade de novas sensações
- traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia
- marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)
- abulia, tédio de viver
- procura de sensações novas
- busca de evasão
2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS - FUTURISTA/SENSACIONISTA
Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.
· Futurismo:
- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)
- ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
· Sensacionismo:
- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)
- cantor lúcido do mundo moderno
3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO
Perante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo, /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. (“Esta velha angústia”; “Apontamento”; “Lisbon revisited”).
O drama de Álvaro Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade; é uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela, como Pessoa, a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra., o cepticismo, a dor de pensar e a nostalgia da infância.
Maura Sousa
- exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a naúsea, o abatimento e a necessidade de novas sensações
- traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia
- marcado pelo romantismo e simbolismo (rebuscamento, preciosismo, símbolos e imagens)
- abulia, tédio de viver
- procura de sensações novas
- busca de evasão
2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS - FUTURISTA/SENSACIONISTA
Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia mecânica e da civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocada pela poluição física e moral da vida moderna.
· Futurismo:
- elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)
- ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
- atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
· Sensacionismo:
- vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
- sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente,/ tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)
- cantor lúcido do mundo moderno
3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO
Perante a incapacidade das realizações, traz de volta o abatimento, que provoca “Um supremíssimo cansaço, /íssimo, íssimo, íssimo, /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. (“Esta velha angústia”; “Apontamento”; “Lisbon revisited”).
O drama de Álvaro Campos concretiza-se num apelo dilacerante entre o amor do mundo e da humanidade; é uma espécie de frustração total feita de incapacidade de unificar em si pensamento e sentimento, mundo exterior e mundo interior. Revela, como Pessoa, a mesma inadaptação à existência e a mesma demissão da personalidade íntegra., o cepticismo, a dor de pensar e a nostalgia da infância.
Maura Sousa
Poema de Ricardo Reis
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,
Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagaos inocentes da decadencia.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
Maura Sousa
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,
Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagaos inocentes da decadencia.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
Maura Sousa
Ricardo Reis
. Epicurismo:
- busca da felicidade relativa
- moderação nos prazeres
- fuga à dor
- ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação)
- prazer do momento
- Carpe Diem (caminho da felicidade, alcançada pela indiferença à perturbação)
- Não cede aos impulsos dos instintos
- calma, ou pelo menos, a sua ilusão
- ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade
· Estoicismo :
- considera ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e às paixões, que são perturbações da razão
- aceitação das leis do destino (“... a vida/ passa e não fica, nada deixa e nunca regressa.”)
- indiferença face às paixões e à dor
- abdicação de lutar
- autodisciplina
· Horacianismo:
- carpe diem: vive o momento
- aurea mediocritas: a felicidade possível no sossego do campo (proximidade de Caeiro)
· Paganismo:
- crença nos deuses
- crença na civilização da Grécia
- sente-se um “estrangeiro” fora da sua pátria, a Grécia
· Neoclassicismo:
- poesia construída com base em ideias elevada
- Odes (forma métrica por excelência)
Maura Sousa
- busca da felicidade relativa
- moderação nos prazeres
- fuga à dor
- ataraxia (tranquilidade capaz de evitar a perturbação)
- prazer do momento
- Carpe Diem (caminho da felicidade, alcançada pela indiferença à perturbação)
- Não cede aos impulsos dos instintos
- calma, ou pelo menos, a sua ilusão
- ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade
· Estoicismo :
- considera ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, permanecendo indiferente aos males e às paixões, que são perturbações da razão
- aceitação das leis do destino (“... a vida/ passa e não fica, nada deixa e nunca regressa.”)
- indiferença face às paixões e à dor
- abdicação de lutar
- autodisciplina
· Horacianismo:
- carpe diem: vive o momento
- aurea mediocritas: a felicidade possível no sossego do campo (proximidade de Caeiro)
· Paganismo:
- crença nos deuses
- crença na civilização da Grécia
- sente-se um “estrangeiro” fora da sua pátria, a Grécia
· Neoclassicismo:
- poesia construída com base em ideias elevada
- Odes (forma métrica por excelência)
Maura Sousa
O que defende Ricardo Reis:
A filosofia de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer do momento, o “carpe diem”, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade – ataraxia.
Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica:
- “Carpe diem” (aproveitai o dia), ou seja, aproveitai a vida em cada dia, como caminho da felicidade;
- Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia);
- Não ceder aos impulsos dos instintos (estoicismo);
- Procurar a calma, ou pelo menos, a sua ilusão;
- Seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre esta apenas pesa o Fado).
Maura Sousa
Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica:
- “Carpe diem” (aproveitai o dia), ou seja, aproveitai a vida em cada dia, como caminho da felicidade;
- Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia);
- Não ceder aos impulsos dos instintos (estoicismo);
- Procurar a calma, ou pelo menos, a sua ilusão;
- Seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre esta apenas pesa o Fado).
Maura Sousa
História do Cerco de Lisboa
José Saramago recupera o episódio da conquista de Santarém e do cerco de e tomada Lisboa baseando-se principalmente na História de Portugal.
A História do Cerco de Lisboa divide se em duas histórias: a real, do cerco a Lisboa no ano de 1147 (quando os portugueses, com ajuda dos cruzados, tomaram a cidade aos mouros), e a fictícia, que surge aos poucos na cabeça do revisor Raimundo Silva, depois de alterar injustificadamente certa frase nas provas de um livro, mudando a história com a simples força de um "não".
Crítica presente
Crónica do próprio Dom Afonso Henriques se os cruzados ajudaram ou não as tropas do rei Dom Afonso na reconquista da cidade aos mouros.
Breve resumo
A História do Cerco de Lisboa enquadra-se, propositadamente, num quadro de rever a História na dupla visão do sim e do não, do avesso e do direito, do que foi verdade e mentira. José Saramago serve-se das nossas mitologias ao longo dos tempos para rever a História.
É essa mitologia do espírito e formação da nacionalidade, que ao ler esta obra conseguimos entender de outro modo a História.
A História do Cerco de Lisboa divide se em duas histórias: a real, do cerco a Lisboa no ano de 1147 (quando os portugueses, com ajuda dos cruzados, tomaram a cidade aos mouros), e a fictícia, que surge aos poucos na cabeça do revisor Raimundo Silva, depois de alterar injustificadamente certa frase nas provas de um livro, mudando a história com a simples força de um "não".
Crítica presente
Crónica do próprio Dom Afonso Henriques se os cruzados ajudaram ou não as tropas do rei Dom Afonso na reconquista da cidade aos mouros.
Breve resumo
A História do Cerco de Lisboa enquadra-se, propositadamente, num quadro de rever a História na dupla visão do sim e do não, do avesso e do direito, do que foi verdade e mentira. José Saramago serve-se das nossas mitologias ao longo dos tempos para rever a História.
É essa mitologia do espírito e formação da nacionalidade, que ao ler esta obra conseguimos entender de outro modo a História.
Mito ....
Um mito é uma narrativa tradicional com carácter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenómenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade.
Mónica Medeiros
Mónica Medeiros
Quinto Império
Portugal pode vir a ser uma potência criadora de civilização, pela construção do 5º Império, do qual o Sebastianismo seria a sua encarnação – não seremos grandes em domínio territorial, mas em valores espirituais e materiais.
Deste modo, Fernando Pessoa sonha por uma Ordem Nova e com um Portugal salvo da mediocridade (poema 5º Império: “E assim, passados 4 tempos…/ que morreu D. Sebastião”). Desta forma, Pessoa adoptou, aprofundou e transformou o sebastianismo, unindo-o a outro mito – o do 5º Império, o qual se caracteriza pela crítica ao conformismo, pela apologia do sonho e pelo advento de uma nova era. Por outro lado, este mito, já antigamente profetizado nas trovas de Bandarra e nas quadras de Nostradamus, fundirá necessariamente os quatro Impérios anteriores acrescentando-lhes tudo o que esteja fora deles – criação de um império espiritual e cultural verdadeiramente mundial ou universal.
Este 5º Império será cultural, ou não será, e será português, isso significa que o nosso país desempenhará um papel importante na difusão dessa ideia que toda a obra pessoana proclama.
Em conclusão, a aceitação da morte de D. Sebastião leva a um novo ente salvador – Jesus Cristo – o qual assume num âmbito mais lato o papel de redentor da Humanidade. Desta maneira, o 5º Império seria um domínio de amor e harmonia na Terra.
Mónica Medeiros
Deste modo, Fernando Pessoa sonha por uma Ordem Nova e com um Portugal salvo da mediocridade (poema 5º Império: “E assim, passados 4 tempos…/ que morreu D. Sebastião”). Desta forma, Pessoa adoptou, aprofundou e transformou o sebastianismo, unindo-o a outro mito – o do 5º Império, o qual se caracteriza pela crítica ao conformismo, pela apologia do sonho e pelo advento de uma nova era. Por outro lado, este mito, já antigamente profetizado nas trovas de Bandarra e nas quadras de Nostradamus, fundirá necessariamente os quatro Impérios anteriores acrescentando-lhes tudo o que esteja fora deles – criação de um império espiritual e cultural verdadeiramente mundial ou universal.
Este 5º Império será cultural, ou não será, e será português, isso significa que o nosso país desempenhará um papel importante na difusão dessa ideia que toda a obra pessoana proclama.
Em conclusão, a aceitação da morte de D. Sebastião leva a um novo ente salvador – Jesus Cristo – o qual assume num âmbito mais lato o papel de redentor da Humanidade. Desta maneira, o 5º Império seria um domínio de amor e harmonia na Terra.
Mónica Medeiros
Quinto Império pós Sebastianismo
No fundo, Pessoa faz um chamamento para que percebamos que os feitos gloriosos do passado não se extinguiram e que ainda existe uma força propulsora, cujo dinamismo é a própria natureza humana.
Agora essa identidade nacional perdida teria que ser reencontrada através da mesma atitude criadora que caracterizou os Descobrimentos. Caberia, então, aos portugueses criar o mundo, formando uma Super-Nação mítica, perfeita, cálice da união e da paz.
Desta forma, o 5º Império é espiritual, construído com esforço, em que os homens abandonariam um reino terreno para habitar um reino divino – hipótese de transformação e purificação da Humanidade (fraternidade universal).
Mónica Medeiros
Agora essa identidade nacional perdida teria que ser reencontrada através da mesma atitude criadora que caracterizou os Descobrimentos. Caberia, então, aos portugueses criar o mundo, formando uma Super-Nação mítica, perfeita, cálice da união e da paz.
Desta forma, o 5º Império é espiritual, construído com esforço, em que os homens abandonariam um reino terreno para habitar um reino divino – hipótese de transformação e purificação da Humanidade (fraternidade universal).
Mónica Medeiros
O Mito Sebastianista
Veio depois a derrota de Alcácer Quibir e o desaparecimento do Rei (1578). A nação caiu sob o domínio castelhano. A literatura chorou, com a perda de D. Sebastião, o desfazer das esperanças desmedidas, a ruína dum povo que, havia pouco, deslumbrara o mundo com os Descobrimentos e a criação de um grande Império. Foi então que surgiu, como instintiva reacção, o sebastianismo. Julgou-se que só a fé visionária poderia salvar-nos. Durante o séc. XIX, o sebastianismo foi passando da esfera política para os domínios literário e culturológico. O sonho heróico de D. Sebastião, a sua morte na batalha, o mito do seu regresso e a quimera do Quinto Império inspiram poetas e prosadores. No Frei Luís de Sousa de Garrett, é Telmo, o velho criado, quem associa à fé no retorno do Rei a convicção de que D. João de Portugal, seu amado amo, um dia aparecerá.
Mónica Medeiros
Mónica Medeiros
Breves curiosidades do livro MEMORIAL DO CONVENTO
• Romance histórico, social e de espaço que articula o plano da história com o plano do fantástico e da ficção.
• O título sugere memórias de um passado delimitado pela construção do convento de Mafra e memórias do que de grandioso e trágico tem o símbolo do país.
• Contextualização: D.João V é aclamado rei em 1707, durante a Guerra da Sucessão de Espanha. A obra passa-se no Reinado de D. João V, séc. XVIII, época de luxo e grandeza, D. João V é influenciado pelos diplomatas, intelectuais e estrangeirados. Constrói o convento em Mafra por querer ultrapassar a grandeza do escorial de Madrir e para celebrar o nascimento do seu filho. A Inquisição ocupa-se com a ordem religiosa e moral e as suas vítimas são: cristãos-novos, judeus, hereges, feiticeiros, intelectuais.
ACÇÃO PRINCIPAL: Construção do convento de Mafra: reinvenção da história pela ficção; entrelaçamento de dados históricos com a promessa de D. João V e o sofrimento do povo que trabalhou no convento; situação económica do País; autos-de-fé; construção da passarola.
ESPAÇOS:Lisboa; Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Rossio; Mafra ;Pêro Pinheiro, Vela, Torres Vedras, Monte Junto.
OUTROS ESPAÇOS: Jerez de los Caballeros, Montemor, Évora, Elvas, Coimbra, Holanda, Áustria.
Lisboa: cidade que contém em si ricos e pobres
Alentejo: permite conhecer a miséria que o povo passava
Mafra: deu trabalho a muita gente, mas socialmente, destruiu famílias e criou marginalização
TEMPO: as referências temporais são escassas, ou apresentam-se por dedução. As analepses são pouco significativas. A data de 1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas facilmente se deduz.
NARRAÇÃO: Saramago rejeita a omnipotência do narrador, voz crítica. A voz narrativa controla a acção, as motivações e pensamentos das personagens, mas faz também as suas reflexões e juízos de valor. Os discursos facilmente passam da história à ficção. (Segundo Sartre, estamos perante um narrador privilegiado, com poder de ubiquidade (está dentro da consciência de cada personagem, mas também sabe o antes e o depois)).
PERSONAGENS:
D. João V – Rei de Portugal, rico e poderoso, preocupado com a falta de descendentes, promete levantar convento em Mafra se tiver filhos da rainha
Baltasar Sete-Sóis – maneta, chega a Lx como pedinte, conhece Blimunda, ajuda na construção da passarola, morre num auto-de-fé
Blimunda Sete-Luas – capacidades de vidente, vê entranhas e vontades, ajuda na construção da passarola, partilha a sua vida com Baltasar, o seu poder permite curar ou criar. Saramago consegue dotá-la de forças latentes e extraordinárias, que permitem ao povo a sobrevivência, mesmo quando as forças da repressão atingem requintes de sadismo.
Padre Bartolomeu de Gusmão – evita a Inquisição devido à amizade com o Rei, apoiado por Baltasar, Blimunda e Scarlatti, morre em Toledo.
O Povo – construiu o convento em Mafra, à custa de muitos sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V.
CRíTICA: ironia e sarcasmo ao rei e alguns nobres, ao adultério e corrupção, à Inquisição.
Cátia Medeiros
• O título sugere memórias de um passado delimitado pela construção do convento de Mafra e memórias do que de grandioso e trágico tem o símbolo do país.
• Contextualização: D.João V é aclamado rei em 1707, durante a Guerra da Sucessão de Espanha. A obra passa-se no Reinado de D. João V, séc. XVIII, época de luxo e grandeza, D. João V é influenciado pelos diplomatas, intelectuais e estrangeirados. Constrói o convento em Mafra por querer ultrapassar a grandeza do escorial de Madrir e para celebrar o nascimento do seu filho. A Inquisição ocupa-se com a ordem religiosa e moral e as suas vítimas são: cristãos-novos, judeus, hereges, feiticeiros, intelectuais.
ACÇÃO PRINCIPAL: Construção do convento de Mafra: reinvenção da história pela ficção; entrelaçamento de dados históricos com a promessa de D. João V e o sofrimento do povo que trabalhou no convento; situação económica do País; autos-de-fé; construção da passarola.
ESPAÇOS:Lisboa; Terreiro do Paço, S. Sebastião da Pedreira, Rossio; Mafra ;Pêro Pinheiro, Vela, Torres Vedras, Monte Junto.
OUTROS ESPAÇOS: Jerez de los Caballeros, Montemor, Évora, Elvas, Coimbra, Holanda, Áustria.
Lisboa: cidade que contém em si ricos e pobres
Alentejo: permite conhecer a miséria que o povo passava
Mafra: deu trabalho a muita gente, mas socialmente, destruiu famílias e criou marginalização
TEMPO: as referências temporais são escassas, ou apresentam-se por dedução. As analepses são pouco significativas. A data de 1711, tempo cronológico do início da acção, não surge explícita na obra, mas facilmente se deduz.
NARRAÇÃO: Saramago rejeita a omnipotência do narrador, voz crítica. A voz narrativa controla a acção, as motivações e pensamentos das personagens, mas faz também as suas reflexões e juízos de valor. Os discursos facilmente passam da história à ficção. (Segundo Sartre, estamos perante um narrador privilegiado, com poder de ubiquidade (está dentro da consciência de cada personagem, mas também sabe o antes e o depois)).
PERSONAGENS:
D. João V – Rei de Portugal, rico e poderoso, preocupado com a falta de descendentes, promete levantar convento em Mafra se tiver filhos da rainha
Baltasar Sete-Sóis – maneta, chega a Lx como pedinte, conhece Blimunda, ajuda na construção da passarola, morre num auto-de-fé
Blimunda Sete-Luas – capacidades de vidente, vê entranhas e vontades, ajuda na construção da passarola, partilha a sua vida com Baltasar, o seu poder permite curar ou criar. Saramago consegue dotá-la de forças latentes e extraordinárias, que permitem ao povo a sobrevivência, mesmo quando as forças da repressão atingem requintes de sadismo.
Padre Bartolomeu de Gusmão – evita a Inquisição devido à amizade com o Rei, apoiado por Baltasar, Blimunda e Scarlatti, morre em Toledo.
O Povo – construiu o convento em Mafra, à custa de muitos sacrifícios e até mesmo algumas mortes. Definido pelo seu trabalho e miséria física e moral, surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V.
CRíTICA: ironia e sarcasmo ao rei e alguns nobres, ao adultério e corrupção, à Inquisição.
Cátia Medeiros
Síntese da temática da Mensagem
• O mito é tudo: sem ele a realidade não existe, pois é dele que ela parte
• Deus é o agente da história; ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a perfeição
• O sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se à mediocridade
• A verdadeira grandeza está na alma; É através do sonho e da vontade de lutar que se alcança a glória
• Portugal encontra-se num estado de decadência. Por isso, é necessário voltar a sonhar, voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro império, um império que não se destrói, por não ser material: é o Quinto Império, o Império Civilizacional-Espiritual.
Cátia Medeiros
• Deus é o agente da história; ou seja, é ele quem tem as vontades; nós somos os seus instrumentos que realizam a sua vontade. É assim que a obra nasce e se atinge a perfeição
• O sonho é aquilo que dá vida ao homem: sem ele a vida não tem sentido e limita-se à mediocridade
• A verdadeira grandeza está na alma; É através do sonho e da vontade de lutar que se alcança a glória
• Portugal encontra-se num estado de decadência. Por isso, é necessário voltar a sonhar, voltar a arriscar, de modo a que se possa construir um outro império, um império que não se destrói, por não ser material: é o Quinto Império, o Império Civilizacional-Espiritual.
Cátia Medeiros
segunda-feira, 3 de março de 2008
As três partes da Mensagem
* Primeira parte:
Brasão(os contrutores do império)corresponde ao nascimento, com referência aos mitose figuras históricas até D. Sebastião, identificadas nos lementos dos brasões.dá-nos conta que Portugalerguido pelo esforço dos heróis e destenados a grandes feitos.
* Segunda parte:
Mar Portugês (o sonho marítimo e a obra das descobertas) surga a realização ea vida;refere personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido e os elementos naturais. Mas, porque"tudo vale e pena", a mossão foi cumprida.
* Terceira parte
O Encoberto(a imagem do Império moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressureição, capaz de provocar o nascimento do império espiritua, moral e civilizacional, a esperança do quinti império)aparece a desintegração, havendo, por isso um presente de mágoa, pois "falta cumprir-se Portugal". é preciso acontecer a regeneração,que será anunciada por símbolos e avisos.
Cátia Medeiros
Brasão(os contrutores do império)corresponde ao nascimento, com referência aos mitose figuras históricas até D. Sebastião, identificadas nos lementos dos brasões.dá-nos conta que Portugalerguido pelo esforço dos heróis e destenados a grandes feitos.
* Segunda parte:
Mar Portugês (o sonho marítimo e a obra das descobertas) surga a realização ea vida;refere personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido e os elementos naturais. Mas, porque"tudo vale e pena", a mossão foi cumprida.
* Terceira parte
O Encoberto(a imagem do Império moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressureição, capaz de provocar o nascimento do império espiritua, moral e civilizacional, a esperança do quinti império)aparece a desintegração, havendo, por isso um presente de mágoa, pois "falta cumprir-se Portugal". é preciso acontecer a regeneração,que será anunciada por símbolos e avisos.
Cátia Medeiros
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Visão global da Mensagem …
Mensagem é a única obra completa publicada em vida de Fernando Pessoa. Contém 44 poemas, escritos entre 21 de Julho de 1913 e 16 de Março de 1934. A sua publicação acontece em 1 de Dezembro de 1934, dia das comemorações da Restauração de 1640. Concorrente ao "Prémio Antero de Quental", foi preterida a favor de Romaria, uma colectânea de versos do padre Vasco Reis, que ilustrava a fé do povo como convinha ao regime de então. Teve de se contentar com o prémio de segunda categoria. Hoje é reconhecida como uma obra capital da poesia portuguesa.
Mónica Medeiros
Mónica Medeiros
A minha mensagem …
Eu apelo-vos a uma vida baseada no sonho, na loucura, na ambiçao com vista o horizonte.
Sejam insatisfeitos, inconformados, para assim conseguirem alcançar o Quinto Império, a verdade.
MÓNICA MEDEIROS
Sejam insatisfeitos, inconformados, para assim conseguirem alcançar o Quinto Império, a verdade.
MÓNICA MEDEIROS
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Constituição da Mensagem
I. OS CAMPOS
Primeiro: Os castelos
Segundo: O das Quinas
II. OS CASTELOS
Primeiro: Ulisses
Segundo: Viriato
Terceiro: O Conde D. Henrique
Quarto: D. Tareja
Quinto: D. Afonso Henriques
Sexto: D. Dinis
Sétimo (I): D. João O Primeiro
Sétimo (II): D. Filipa De Lencastre
III. AS QUINAS
Primeira: D. Duarte, Rei De Portugal
Segunda: D. Fernando, Infante De Portugal
Terceira: D. Pedro, Regente De Portugal
Quarta: D. João, Infante De Portugal
Quinta: D. Sebastião, Rei De Portugal
IV. A COROA
Nun'Álvares Pereira
V. O TIMBRE
A Cabeça Do Grifo: O Infante D. Henrique
Uma Asa Do Grifo: D. João O Segundo
A Outra Asa Do Grifo: Afonso De Albuquerquze
SEGUNDA PARTE: MAR PORTUGUÊS
I. O Infante
II. Horizonte
III. Padrão
IV. O Mostrengo
V. Epitáfio De Bartolomeu Dias
VI. Os Colombos
VII. Ocidente
VIII. Fernão De Magalhães
IX. Ascensão De Vasco Da Gama
X. Mar Português
XI. A Última Nau
XII. Prece
TERCEIRA PARTE: O ENCOBERTO
I. OS SÍMBOLOS
Primeiro: D. Sebastião
Segundo: O Quinto Império
Terceiro: O Desejado
Quarto: As Ilhas Afortunadas
Quinto: O Encoberto
II. OS AVISOS
Primeiro: A Bandarra
Segundo: António Vieira
Terceiro: ('Screvo meu livro à beiramágoa.)
III. OS TEMPOS
Primeiro: Noite
Segundo: Tormenta
Terceiro: Calma
Quarto: Antemanhã
Quinto: Nevoeiro
Cátia Medeiros
Primeiro: Os castelos
Segundo: O das Quinas
II. OS CASTELOS
Primeiro: Ulisses
Segundo: Viriato
Terceiro: O Conde D. Henrique
Quarto: D. Tareja
Quinto: D. Afonso Henriques
Sexto: D. Dinis
Sétimo (I): D. João O Primeiro
Sétimo (II): D. Filipa De Lencastre
III. AS QUINAS
Primeira: D. Duarte, Rei De Portugal
Segunda: D. Fernando, Infante De Portugal
Terceira: D. Pedro, Regente De Portugal
Quarta: D. João, Infante De Portugal
Quinta: D. Sebastião, Rei De Portugal
IV. A COROA
Nun'Álvares Pereira
V. O TIMBRE
A Cabeça Do Grifo: O Infante D. Henrique
Uma Asa Do Grifo: D. João O Segundo
A Outra Asa Do Grifo: Afonso De Albuquerquze
SEGUNDA PARTE: MAR PORTUGUÊS
I. O Infante
II. Horizonte
III. Padrão
IV. O Mostrengo
V. Epitáfio De Bartolomeu Dias
VI. Os Colombos
VII. Ocidente
VIII. Fernão De Magalhães
IX. Ascensão De Vasco Da Gama
X. Mar Português
XI. A Última Nau
XII. Prece
TERCEIRA PARTE: O ENCOBERTO
I. OS SÍMBOLOS
Primeiro: D. Sebastião
Segundo: O Quinto Império
Terceiro: O Desejado
Quarto: As Ilhas Afortunadas
Quinto: O Encoberto
II. OS AVISOS
Primeiro: A Bandarra
Segundo: António Vieira
Terceiro: ('Screvo meu livro à beiramágoa.)
III. OS TEMPOS
Primeiro: Noite
Segundo: Tormenta
Terceiro: Calma
Quarto: Antemanhã
Quinto: Nevoeiro
Cátia Medeiros
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Retirado da "Mensagem"
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portugueses.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
(F. Pessoa, in A Mensagem,
O Infante, Segunda Parte - Mar Portugueses)
MÓNICA MEDEIROS
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portugueses.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
(F. Pessoa, in A Mensagem,
O Infante, Segunda Parte - Mar Portugueses)
MÓNICA MEDEIROS
MENSAGEM
É uma obra épica, lírica,, simbólica, esóterica, ocultista. repleta de espiritualidade.
Frenando Pessoa "pega" nas figuras históricas e reenvia-as para um plano espiritual, aproveitando as suas essências para assim chegarmos mais facilmente ao Quinto Império.
MÓNICA MEDEIROS
Frenando Pessoa "pega" nas figuras históricas e reenvia-as para um plano espiritual, aproveitando as suas essências para assim chegarmos mais facilmente ao Quinto Império.
MÓNICA MEDEIROS
ÁLVARO DE CAMPOS
1ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – DECADENTISMO (“Opiário”, somente)
- Abulia, tédio de viver
- Procura de sensações novas
- Busca de evasão
2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS
• Futurismo
- Elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)
- Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
- Atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
• Sensacionismo
- Vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
- Sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente, / tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)
- Cantor lúcido do mundo moderno
3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO
- Dissolução do “eu”
- A dor de pensar
- Conflito entre a realidade e o poeta
- Cansaço, tédio, abulia
- Angústia existencial
- Solidão
- Nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)
MÓNICA MEDEIROS
- Abulia, tédio de viver
- Procura de sensações novas
- Busca de evasão
2ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS
• Futurismo
- Elogio da civilização industrial e da técnica (“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!”, Ode Triunfal)
- Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional
- Atitude escandalosa: transgressão da moral estabelecida
• Sensacionismo
- Vivência em excesso das sensações (“Sentir tudo de todas as maneiras” – afastamento de Caeiro)
- Sadismo e masoquismo (“Rasgar-me todo, abrir-me completamente, / tornar-me passento/ A todos os perfumes de óleos e calores e carvões...”, Ode Triunfal)
- Cantor lúcido do mundo moderno
3ª FASE DE ÁLVARO DE CAMPOS – PESSIMISMO
- Dissolução do “eu”
- A dor de pensar
- Conflito entre a realidade e o poeta
- Cansaço, tédio, abulia
- Angústia existencial
- Solidão
- Nostalgia da infância irremediavelmente perdida (“Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!”, Aniversário)
MÓNICA MEDEIROS
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
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